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Nós somos a Onda
21/01/2020 19:14

Bem-vindo à "Onda". Não, não estamos a falar de uma onda do mar. Somos a "Onda", com "o" maiúsculo. Somos parte de um movimento, de uma fação, qualquer fação, seja de extremos, de centro ou de nada.
 
Nós somos a "Onda" mesmo sem perceber que somos, mesmo quando a pensar nada termos com partidos, políticos, militantes. Eu sou a "Onda". Você é a "Onda". A pessoa que está ao seu lado numa esplanada ou no metro enquanto lê este texto é a "Onda". E, com um pouco de jeito, com um pouco de verbo, somos por isso capazes de injuriar, linchar, matar os que não fazem parte daquilo que defendemos. "A cadela do fascismo está sempre no cio", já afirmava Bertold Brecht.
 
Para explicar a "Onda", vamos ao começo. Em 1967, numa escola secundária da Califórnia, em Palo Alto, um professor chamado Ron Jones resolveu explicar aos alunos os fundamentos do nazismo. Em vez de palestras e livros, Ron optou por fazer uma experiência social. Durante cerca de uma semana incentivou os jovens a desenvolver uma identidade comum através da disciplina e do sentido de pertença.
 
Assim nasceu a "Terceira Onda", a denominação do movimento que reunia os alunos, com códigos próprios de comportamento e ideais coletivos. O grupo tornou-se mais importante que o indivíduo. Pensamentos divergentes passaram a ser classificados como delitos de opinião. Quem não alinhava com a "Onda" era "cancelado" (igual como hoje os tribunais da internet "cancelam" pessoas).
 
A "Terceira Onda" deu tão certo que rapidamente ficou fora de controlo. Tornou-se um culto com atitudes bastantes similares à Juventude Nazista. E antes que alguém sofresse danos físicos graves, o professor deu a brincadeira por encerrada.
 
O experimento tornou-se tema de debates, documentários, livros e filmes. O produto mais notório foi uma longa alemã intitulada "A Onda". Mas a coisa continua a render. Em novembro passado, a Netflix lançou a série "Nós Somos a Onda" que traz o tema para os dias de hoje e muda o ponto de vista: já não temos um professor a iniciar o processo, os jovens formam a "Onda" sem a ajuda de adultos.
 
Na semana passada, o ex-secretário da Cultura do Brasil publicou um vídeo em que fazia um pronunciamento que poderia fazer parte da proposta de Ron Jones. A diferença é que, em vez de um grupo de adolescentes, os destinatários da mensagem nazista era toda uma nação.
 
Vi a longa "A Onda" na época em que foi lançada, em 2008. Há doze anos, a trama parecia provocativa. Se não soubesse que era baseada em factos reais poderia até achar um pouco fantasiosa. Hoje soa a algo incrivelmente similar ao que se passa em várias partes do mundo.
 
Mais do que racionais, somos animais que racionalizam. Sempre encontrámos e sempre encontraremos maneiras de explicar, justificar, relativizar as ideologias, atos e comportamentos, os mais desprezíveis possíveis, desde que feitos pelos nossos iguais.
 
O mundo está cheio de pessoas que se julgam moral e eticamente superiores. Autocrítica é algo em falta no mercado. A direita e a esquerda vivem pejadas de santos e génios. O desprezo por quem pensa um bocadinho diferente de nós tornou-se tão banal que quando aparece algo realmente desprezível (como o que aconteceu agora em Brasília), pouca diferença faz. A "Onda" é maior e mais forte do que uma ou outra pessoa. A "Onda" é a parte mais visível do imenso buraco onde nos enfiámos.
 
Ou como diria o meu Tio Olavo: "O inferno costumava ser os outros. Hoje o inferno está dentro de nós."
 
Publicitário e Storyteller

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