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Da contestação ao hooliganismo
03/12/2024 17:35

Diz-nos o dicionário que o hooliganismo é "um comportamento caracterizado por atos de vandalismo e violência", próximo do "vandalismo" e que surge comummente associado a competições desportivas. Percorrendo as imagens de televisão ou fotografias captadas durante o protesto dos bombeiros sapadores arriscaria dizer que a contestação de ontem à porta do governo não esteve longe dos piores comportamentos já vistos em claques de futebol.

Há um conjunto de profissões que, pela sua forte componente social, devem dar a garantia de confiança e segurança às populações. O contrário daquilo que os sapadores demonstraram com o seu protesto de ontem, cujo resultado prático foi a implosão das negociações entre executivo e representantes sindicais da classe.

A fragmentação social aparenta ser o novo normal nas democracias modernas, em parte explicadas pela falta de capacidade dos governos em responderam à ânsia de bem-estar das populações, em parte por aproveitamento de grupo e movimentos radicais do descontentamento que grassa em alguns setores.

Em todo o caso, por maior que seja o descontentamento, não é justificável que uma classe profissional onde a população deposita confiança envergue tochas, usem petardos e sitiem um governo.

 A suspensão ou interrupção das regras conduz-nos a uma lógica de desintegração social que até pode ser útil, do ponto de vista político, para a satisfação de lógicas partidárias camufladas. Mas vistas vem as coisas, são apenas mais um passo rumo ao questionamento das instituições e à degradação da democracia.

No caso dos bombeiros sapadores, como de outras classes sócio profissionais, seria útil que os próprios fizessem um exercício de análise a si mesmos, questionando-se verdadeiramente sobre a quem estão a ser úteis, à sociedade ou aos que a querem destruir.