Negócios Iniciativas | São necessários investimentos nas redes de distribuição elétrica
24/01/2025 14:00
José Roque destaca que se a Europa não capacitar as suas redes de distribuição elétrica, existe o risco de não se ligarem 1220 GW de energia renovável.
As redes de transporte e distribuição elétrica "têm sido o gigante esquecido da sala, quando são a coluna vertebral do sistema que distribui estes eletrões que nos chegam a casa e que nos alimentam todos os dias", afirmou José Roque, partner EY Portugal, e líder do segmento de energia. Um recente estudo da EY, que analisou o panorama das redes de distribuição a nível europeu, concluiu que, com a duplicação do consumo esperado de energia elétrica até 2050, são precisos 67 mil milhões de euros anuais de investimento nas redes de distribuição para que estas "não sejam um obstáculo à transição energética. Em Portugal, estima-se que se passe de 50 para 90 gigawatts por hora. São saltos significativos, não estamos a falar de 1 ou 0,5%", considera José Roque.
Prevê-se que, até ao final de 2050, o número de veículos elétricos aumente 19 vezes e as bombas de calor atinjam os 218 milhões, metade da atual população europeia. "É uma escala de investimento muito significativa e a rede precisa de dar resposta", disse José Roque. Este estudo detetou, ainda, que mais de 30% dos ativos críticos, como transformadores, subestações e linhas, têm mais de 40 anos.
O risco operacional
"O risco não é só económico, é também um risco operacional", sublinhou José Roque, que deu o exemplo dos Países Baixos, que têm a sua rede elétrica congestionada. Esta situação dificulta a manutenção do serviço, ou seja, ocasionalmente existe interrupção do fornecimento de energia elétrica e não se consegue ligar mais geração renovável. Cada vez que isto acontece, tem um impacto significativo no PIB. "Em Portugal não o sentimos, temos uma rede bem tratada, bem cuidada", acrescentou.
Apesar da sua criticidade, este desafio das redes de transporte e distribuição não é de fácil solução porque, além da dimensão, "não é fácil reestruturar uma rede pensada para ser unidirecional para um determinado volume, para praticamente aguentar o dobro do volume e ser bidirecional, e com muito mais stakeholders, muito mais digitalização aqui envolvida, portanto, e um aumento do consumo".
A transição energética continua numa trajetória positiva, "mas talvez não à velocidade que necessitamos para atingir os objetivos a que nos propusemos. Por vezes, um transformador pode demorar dois a quatro anos para substituir, desde o processo de compra até ao licenciamento, à escolha, à implementação", lembra José Roque. Por outro lado, para fazer esta reestruturação são necessários mais de dois milhões de novos empregos, entre diretos e indiretos, que precisam de formação e capacitação, segundo o estudo da EY, Grids for Speed.
Operadores e regulador
Este estudo refere que, se não houver uma maior capacitação das redes de distribuição elétrica, existe o risco de não se ligarem 120 milhões de bombas de calor ou 1220 GW de geração renovável. "Para termos noção, são 1,6 vezes a capacidade total de geração renovável que temos hoje em dia na União Europeia", refere José Roque.
O financiamento do desenvolvimento das redes elétricas implica um alinhamento da visão do investimento entre os operadores de rede e o regulador. "O operador de rede da distribuição submeteu a 15 de outubro de 2024 o seu Plano de Desenvolvimento e de Investimento da rede de distribuição elétrica. Se vier em linha com o que vimos no resto da Europa e com o que diz este estudo europeu, os montantes envolvidos são na ordem do dobro. Precisamos destes investimentos para responder a esta nova procura de eletricidade, para repor estes ativos que estão então envelhecidos, os tais 30% com mais de 40 anos, e digitalizar e modernizar toda a rede", adianta José Roque.
Um cluster energético em ebulição
"As grandes empresas energéticas estão todas, de uma forma ou outra, a apostar na transição energética, como combustíveis alternativos, fontes de energia renováveis, um sem-número de estratégias de investimento que, no fundo, se alinham com esta estratégia de descarbonização", acrescentou o partner da EY Portugal, líder do segmento de energia, destacando que "há um cluster energético que continua a investir em diversas dimensões, tecnologias e regiões até do país".
Deu exemplos, como a PRF, empresa de prestação de serviços de engenharia, construção e manutenção em todas as áreas dos gases combustíveis, tem agora uma nova linha de negócio e investimento focado no hidrogénio, fazendo estações de abastecimento de hidrogénio, tendo estado presente nos Jogos Olímpicos de Paris e no Paris-Dakar.
O papel do hidrogénio
Salientou que a UTIS, empresa participada pela Semapa, se dedica à introdução do hidrogénio no processo de combustão de indústria pesada, "que são processos muito difíceis de eletrificar, e descobriram aqui uma maneira mais eficiente e eficaz de melhorar esse processo com a introdução do hidrogénio", assinalou José Roque.
Existem muitos projetos a introduzir a eletrificação e os novos combustíveis alternativos. A Madoqua Renewables vai investir mil milhões de euros em amónia e metanol verde. Há o projeto do Nazaré Valley em torno do hidrogénio verde para a introdução nestes processos industriais de difícil descarbonização, como a indústria vidreira, a cimenteira e a cerâmica. Há outros exemplos, como a introdução do autocarro elétrico numa linha Lisboa-Porto, uma parceria da Flixbus e da EDP, e a Sociedade Coletiva de Transportes do Porto tem vários autocarros a operarem com biometano.
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