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Como o design thinking pode abrir novos caminhos à inovação
14/02/2025 08:00

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    Portugal enfrenta desafios crónicos na área da inovação, como dificuldades de acesso a financiamento, falta de articulação entre empresas e instituições científicas e uma baixa perceção do valor da inovação. A juntar a isto, muitas organizações falham nos seus processos de inovação porque partem de pressuposições erradas ou porque não compreendem verdadeiramente as necessidades dos utilizadores. Os convidados do Inovcast são Joana Mendonça e Guilherme Victorino. Joana Mendonça é professora associada no Instituto Superior Técnico, onde leciona Gestão de Inovação e Design Thinking, Empreendedorismo e disciplinas de Projeto. É vice-presidente do IST para o polo de Oeiras, e é membro do júri do Prémio Nacional de Inovação. Guilherme Victorino é subdiretor da Nova IMS para a área de Criação de Valor e coordenador do Laboratório de Innovation & Analytics. Trabalha nas áreas de inovação e design thinking e é coordenador do curso de Design Thinking da Escola Doutoral da Universidade Nova de Lisboa.

    Os dois não têm dúvidas ao afirmar que o design thinking desafia a lógica descrita acima ao substituir a validação de ideias preconcebidas por um processo de observação, experimentação e descoberta que nem sempre leva a um resultado imediato, mas que em cada tentativa gera aprendizagem e, consequentemente, inovação. Definem o design thinking como uma metodologia de resolução de problemas organizacionais, que se centra na criação de soluções inovadoras através de um processo sistematizado. Uma abordagem que permite às organizações manterem-se próximas da realidade dos clientes e dos processos criativos, promovendo a inovação de forma estruturada.

    Um catalisador de inovação

    A verdade é que, se for bem aplicado, o design thinking pode ser um catalisador poderoso de inovação. No entender de Joana Mendonça, a metodologia, só por si, não resolve os problemas da inovação, é preciso que as empresas possuam uma mentalidade aberta à inovação e que estejam dispostas a incorporá-la na sua cultura organizacional e a torná-la depois num hábito dentro das suas equipas. "Não dá propriamente para acordar um dia e dizer que se quer implementar design thinking. É preciso as pessoas primeiro aprenderem", destaca a especialista. Serão estas empresas que mais poderão beneficiar desta metodologia.

    No entanto, Guilherme Victorino destaca que muitas vezes a baixa perceção do valor da inovação se deve ao "poder da conformidade" dentro das empresas. Muitas organizações contratam talento jovem, mas, em poucos meses, esses colaboradores acabam por adotar o comportamento dos mais antigos ou que são hierarquicamente superiores, mesmo que isso signifique resistência à mudança. "Os líderes têm de autorizar ou criar momentos e incentivos certos para desafiar esta conformidade", alerta o especialista.

    A solução passa pela criação de um ambiente que valorize tanto a inovação como a capacidade de desafiar o statu quo. Se, por um lado, é essencial que as empresas adotem metodologias como o design thinking, por outro, os líderes desempenham um papel crucial ao incentivar a criatividade e criar estruturas que combatam a conformidade excessiva. Só assim será possível transformar a inovação num motor de crescimento sustentável em Portugal.

    Minimizar os riscos

    Guilherme explica que a metodologia do design thinking assenta em três dimensões fundamentais. A desejabilidade avalia se a solução é relevante e atrativa para o utilizador final, a exequibilidade verifica se pode ser tecnicamente implementada e a viabilidade garante que faz sentido do ponto de vista económico e estratégico. Enquanto as escolas de gestão dão primazia à viabilidade e as de engenharia à exequibilidade, muitas organizações descuram a desejabilidade, subestimando a importância de validar as ideias junto dos utilizadores.

    Através do cruzamento destas três dimensões é possível reduzir o risco da inovação. "Trazemos a desejabilidade para uma fase muito inicial de conceção de produtos e serviços e isso diminui naturalmente o risco de inovação", explica Joana Mendonça. Segundo ela, esta noção de prototipagem ou pré-prototipagem, que são abordagens muito rudimentares à solução e que são testadas imediatamente num prazo de tempo muito curto, permitem aferir precisamente essa camada de desejabilidade e diminuir o risco dessa forma.

    "Quanto mais disruptiva a ideia, também maior a necessidade de ter uma capacidade de persuasão de pessoas conservadoras do mérito da ideia. É por isso que a prototipagem, como dizia a Joana, é importante, porque vai reduzir esse risco, vai criar esse entendimento partilhado sobre o potencial da ideia", acrescenta Guilherme Victorino.

    Mas reduzir o risco da inovação não passa apenas por metodologias ágeis. Guilherme Victorino sublinha a importância da estrutura acionista das empresas. "Organizações familiares, por exemplo, tendem a ter uma visão de longo prazo mais alinhada com processos de inovação sustentada, ao contrário de fundos de investimento agressivos, que privilegiam resultados imediatos", observa.

    Desta forma, ao combinar uma abordagem ágil como o design thinking com uma visão estratégica ajustada ao perfil das organizações, torna-se possível reduzir o risco da inovação e garantir que os investimentos geram valor real e sustentável.

    Ver o mundo de forma mais empática

    Guilherme Victorino garante que a empatia "é um dos princípios fundamentais do design thinking, mas também um dos mais difíceis de pôr em prática, uma vez que com estudos de mercado tradicionais, raramente conseguimos atingir o nível de compreensão que estas ferramentas conseguem trazer". Na opinião deste especialista, o erro mais comum ao iniciar um projeto é utilizar dados apenas para confirmar hipóteses, em vez de os explorar como fonte de inspiração.

    Joana Mendonça reforça que esta abordagem não só melhora os processos empresariais, como também transforma a forma como se vê o mundo. Na prática, esta responsável defende que o design thinking ensina a olhar para o outro de forma mais empática, a questionar hábitos e a compreender diferentes perspetivas. No entanto, alerta que esta mudança de mentalidade requer prática contínua e deveria ser integrada mais cedo nos processos educativos. "Embora se fale muito de empatia, nós exercitamos pouco no contexto escolar. E há algumas experiências internacionais, em Portugal não conheço nenhuma, mas há algumas experiências de facto de trazer o design thinking para um ensino de camadas mais jovens", reconhece Joana Mendonça. 

    Conselhos para quem quer inovar

    Para empreendedores e inovadores, Joana e Guilherme recomendam que nunca se deve perder a perspetiva de que sabemos muito pouco e que o mundo é muito maior do que imaginamos. Aprender continuamente e explorar novas realidades é essencial. "Às vezes, como estamos tão especializados, perdemos um bocadinho a perspetiva", acautela Joana Mendonça. Por sua vez, Guilherme Victorino, aconselha a que não se espere pelas condições perfeitas para inovar, porque nunca vão existir, até porque a inovação "é um processo de conquista, de paixão, de pôr energia no processo e depois ir contagiando os outros dentro da organização".

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