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"Bandeira portuguesa já não é um powerpoint, são equipamentos reais"
09/03/2025 22:00

A indústria portuguesa de aeronáutica, espaço e defesa tem vindo a crescer. Tem atraído novas empresas, algumas internacionais, que permitem que, hoje em dia, o setor não seja apenas um "powerpoint" nas feiras internacionais, diz José Neves em entrevista ao Negócios e à Antena 1. Há um setor que tem potencial para crescer ainda mais à luz da aposta da Europa na defesa, diz o presidente da AED, defendendo que o reforço do investimento nacional para chegar à meta de 2% do PIB da NATO seja feito de forma a criar uma dinâmica positiva no "cluster" nacional.


Podemos falar de uma indústria de defesa em Portugal? Temos 380 empresas.

Temos desde a Airbus em Santo Tirso, que exporta estruturas aeronáuticas para o A320 e para o A350. Temos a Aernnova que produz estruturas aeronáuticas para o KC390. Temos empresas mais tecnológicas que exportam software. E temos empresas na área de balística, que exportam e trabalham com os grandes construtores europeus na proteções balísticas para veículos blindados.


Há mais empresas?

Tem vindo a crescer paulatinamente. Não temos uma explosão de empresas.

Poderá haver essa explosão?

Mais do que haver uma explosão, o importante é as empresas conseguirem capacitar-se ainda mais, ganharem competências, crescerem e posicionarem-se de uma forma diferente na cadeia de valor. Por um lado, criarem em Portugal integradores finais fortes. E temos empresas portuguesas que já exportam produtos finais, por exemplo, drones para a Ucrânia. Temos empresas portuguesas que estão a desenvolver uma aeronave numa parceria com a Força Aérea para transporte de carga e de passageiros. E temos empresas que estão a desenvolver satélites que vão integrar a Constelação do Atlântico. Estamos a criar centros de excelência e de decisão em Portugal, o que é crítico.

E há as outras empresas.

Não podemos pensar que vamos desenvolver um navio de fio a fio, ou um novo caça. Quando vejo toda esta alavancagem dos orçamentos europeus [para a defesa], penso como é que Portugal se pode posicionar, não só no fornecimento de produtos finais, mas dentro destas grandes cadeias de fornecimento internacional.

Isso vai obrigar também a repensar da própria lógica de organização das empresas, de alguns investimentos?

Claramente. Tem de haver um investimento das entidades portuguesas nesta aposta.

São investimentos de longo prazo.

Os investimentos nestas áreas têm que ser pensados a 10, 20 anos. Não podemos pedir às empresas para investirem 10, 20, 30 milhões de euros, se não pensarmos a 20, 30 anos. Temos investimentos a longo prazo, embora a evolução tecnológica seja mais disruptiva.

O anúncio da UE e o diferendo com os EUA fez o clique nas empresas nacionais?

Já estava a mexer. A visão da Comissão Europeia para a área da defesa já começou em 2016. Foi depois criado um plano para desenvolvimento de novas tecnologias em defesa que levou ao European Defence Fund, que já mobilizou as empresas para trabalharem mais em defesa.

Então é mais um passo para as empresas nacionais?

Falamos muitas vezes de quanto é que Portugal gasta do PIB em defesa. Tipicamente, 1,2% do PIB, agora 1,5%. Há realmente uma mudança de pensamento, uma mudança estratégica. A questão de haver investimento em defesa que não cai nas regras do défice é muito importante. Há aqui um "game changer". Vai haver uma aposta mais forte, mas as empresas já começaram a olhar para este setor antes.

Que avaliação faz do equipamento das Forças Armadas?

As Forças Armadas têm uma grande visão do futuro da nova Lei de Programação Militar que já faz um planeamento a 12 anos dos futuros investimentos, já com uma visão estratégica de novas tecnologias.

Ainda assim, o investimento está muito abaixo do objetivo de 2 % da NATO.

Prefiro dizer que temos que chegar lá bem. O que é que eu quero dizer chegar lá bem? Que não vamos lá fora, de repente, comprar navios, aeronaves, veículos de combate, sem auscultar a indústria portuguesa. Sem auscultar o nosso sistema científico e tecnológico. Ou seja, é importante que quando as aquisições forem feitas se procure perceber como é que a indústria portuguesa poderá desenvolver novas capacidades, novos produtos, criar uma dinâmica na área de defesa que não tem hoje.

José Neves: "É preciso chegar bem" aos 2% do PIB na defesa



É essencial que o Estado invista para arrastar consigo o investimento privado?

Temos vários desafios em Portugal. Desde logo, a contratação pública. O Estado pode querer ir ao mercado buscar estes equipamentos, mas depois temos um processo de contratação que demora anos. Tem que ser mais ágil. Depois há um desafio grande que é pensarmos como nós agilizamos com outros governos as contratações. Esses processos podem ser mais ágeis. O European Defence Industrial Strategy define que devemos ambicionar em 2030 que 50% das compras na área de defesa já sejam feitas dentro da Europa.

Essas dificuldades estão a ser sentidas também no PRR?

O PRR português neste setor é formidável.

Porquê?

Porque todos estes projetos estão integrados no desenvolvimento de integradores finais portugueses, ou seja, empresas portuguesas que vão ter uma cadeia de fornecimento desenvolvida com outras empresas portuguesas e que vão vender em Portugal e lá fora. E isto é muito importante: o centro de decisão de estar em Portugal.

Atrasos? "PRR português é formidável" no setor da aeronáutica


O facto de Portugal se preparar para novas eleições vai ter impacto? Pode atrasar o processo ou não?

Eu espero que não. E a nossa estratégia não pode estar dependente. A grande diferença da AED, sendo um "cluster", é criar dinâmicas, estratégias de cooperação a longo prazo, que sejam agnósticas ao Governo, que vão muito para além do Governo. Naturalmente, o envolvimento do Governo é importantíssimo, mas tão importante como o Governo é a indústria, o sistema científico e tecnológico. E quando há um novo Governo, nós dizemos, esta estratégia está a funcionar, estamos a criar estes postos de trabalho, as empresas estão a crescer. Temos crescido, em média, de 14% ao ano desde 2012.

Tem havido um esforço nesse sentido.

Temos um plano estratégico que tem quatro pilares. A regulamentação, o outro é a questão das competências, criação de recursos humanos qualificados, depois temos a componente de inovação, e, por fim, muito importante, como é que colocamos o que estamos a fazer no mercado. Hoje, nos grandes certames internacionais, temos uma presença, uma bandeira. A bandeira portuguesa, no passado, era um "powerpoint". Hoje em dia são equipamentos. Temos já em exposição equipamentos reais, que são "showstoppers". As pessoas vão passar e dizem, uau, isto está a ser feito em Portugal.

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