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Exportações de alta tecnologia abaixo do recorde pós-covid
18/03/2025 09:30

As exportações portuguesas de alta tecnologia cresceram 1,7% em 2024, segundo dados solicitados pelo Negócios ao Instituto Nacional de Estatística (INE). A subida é explicada pela recuperação das exportações de bens após um ano de queda nas vendas ao exterior, às quais os produtos de alta tecnologia não foram imunes. Ainda assim, as exportações de alta tecnologia ficaram abaixo do recorde pós-pandemia.

No conjunto do ano, Portugal exportou um total de 3.979 milhões de euros em produtos de alta tecnologia, ou seja, bens cujo fabrico implica uma elevada intensidade de investigação e desenvolvimento (I&D). O valor corresponde a 5% do total exportado em 2024 e, apesar de este tipo de produtos ter um peso ainda relativamente pequeno, a incorporação de tecnologia tem vindo a ganhar espaço nas exportações nacionais. Basta pensar que, há 10 anos, os produtos de alta tecnologia pesavam 3,6% no total exportado.

No ano de 2023 – marcado por uma contração de 1,4% no total de exportações nacionais –, Portugal tinha vendido ao exterior 3.912 milhões de euros em produtos de alta tecnologia. Porém, foi um ano antes que foi atingido um recorde histórico nas exportações de alta tecnologia: 4.065 milhões de euros em 2022. Desde então, as exportações portuguesas de alta tecnologia não conseguiram ainda voltar a superar o patamar dos 4 mil milhões de euros, apesar de terem andado lá perto no ano passado.

Essa dificuldade é explicada, por um lado, pelo facto de o preço dos bens exportados por unidade ter caído tanto em 2023 como em 2024. Esse não é um facto de somenos importância, já que o valor total das exportações é expresso em termos nominais (que não excluem os efeitos de preço). Com as exportações a custarem mais, o total exportado aumenta, sendo que o mesmo se reflete em sentido contrário: uma queda nos preços das mercadorias, pode traduzir-se numa diminuição no total exportado.

Mais de metade das exportações de alta tecnologia em 2024 foram produtos eletrónicos na área das telecomunicações. Ao todo, foram vendidos ao exterior 2.273 milhões de euros desse tipo de bens, o que corresponde a uma subida de 5,1% face ao ano anterior. Espanha (625 milhões) e a Alemanha (601 milhões) compraram mais de 50% dos produtos eletrónicos na área das telecomunicações exportados por Portugal.

O maior aumento nas exportações de alta tecnologia deu-se, no entanto, nas vendas na área aeroespacial: cresceram 28,1% para 107 milhões de euros no conjunto do ano. O principal mercado de destino dessas exportações foi a Ucrânia, para onde foi vendido um valor total de 39 milhões nesse tipo de bens, mais 83,3% do que no ano passado. O aumento é explicado pelo facto de este tipo de produtos ser de duplo uso, ou seja, poder ser usado para fins civis e militares, apoiando o esforço de guerra.

A puxar pelas exportações de alta tecnologia, estiveram também as vendas de instrumentos científicos, que aumentaram 19,5% para 404 milhões de euros, com destaque para as vendas à Suécia (106 milhões). Em sentido contrário, verificaram-se quedas homólogas nas vendas de máquinas elétricas (-24,6%) e não elétricas (-11,4%), computadores e outro material de escritório (-10,4%), armamento (-7,4%), produtos farmacêuticos (-5,2%) e produtos químicos (-3,4%).

Foco no valor acrescentado

A promoção da componente tecnológica nas exportações é uma das prioridades do atual Governo de Luís Montenegro, agora demissionário, para uma transformação estrutural da economia portuguesa. Mas o ministro da Economia, Pedro Reis, não se comprometeu com uma "meta ambiciosa" nas exportações, preferindo salientar apenas a necessidade de garantir "mais valor acrescentado" nos bens exportados. O regresso à meta dos 4 mil milhões fica, no entanto, adiado para mais tarde.

Se aos bens de alta tecnologia se juntarem também os serviços de alta tecnologia, o total exportado por Portugal sobe para 9.303 milhões de euros, segundo dados do Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais do Ministério das Finanças (GPEARI). Em comparação com o ano anterior, esse valor corresponde a um aumento de 11,4% face aos 8.347 milhões então contabilizados.

Entre as exportações de serviços de alta tecnologia, destacam-se as vendas de serviços de telecomunicações, informação e comunicação, e os direitos cobrados pela utilização de propriedade intelectual. Os dados do GPEARI não permitem, todavia, perceber como evoluíram essas exportações, de forma desagregada, no último ano. Por "questões de confidencialidade", não são também conhecidas as empresas que exportam mais esse tipo de bens e serviços.