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Bitcoin cada vez mais "interligada" ao sistema financeiro. FMI pede regimes fiscais claros
22/04/2025 22:07

Os criptoativos — em especial a bitcoin — estão cada vez mais interligados com o sistema financeiro tradicional. Por um lado, a tendência faz crescer a adoção global desta classe de ativos, tanto junto de investidores individuais como institucionais. Por outro, faz com que a bitcoin seja castigada em momentos de stresse nas bolsas, como aconteceu no início do mês. A conclusão é do Fundo Monetário Internacional (FMI), que recomenda aos países que adotem medidas de proteção.

“Dentro dos criptoativos, a bitcoin teve um forte desempenho, em termos líquidos, desde o Relatório de Estabilidade Financeira Global de outubro de 2024, e os seus retornos ajustados ao risco superaram significativamente os de outras classes de ativos”, refere o FMI, no mais recente relatório, divulgado esta terça-feira.

O fundo destaca que a capitalização de mercado das “stablecoins” ultrapassou os 200 mil milhões de dólares, bem como uma nova vaga de entradas de capital em produtos negociados em bolsa com exposição direta à bitcoin, cujos ativos ultrapassam já os 100 mil milhões de dólares. O otimismo relativamente a novos desenvolvimentos regulamentares nos Estados Unidos deu um impulso adicional ao sentimento quanto aos “exchange traded fund” (ETF).

“Os dados sobre as participações nos cinco principais produtos transacionados em bolsa evidenciam uma adoção generalizada entre os investidores de retalho e institucionais, sugerindo que a bitcoin está provavelmente cada vez mais interligada com o sistema financeiro”, conclui. No entanto, os preços da bitcoin caíram mais de 25% desde o seu pico no início do ano, “o que sugere que os seus níveis de avaliação eram elevados e que é bastante sensível a pressões nos preços de outros ativos”.

Os choques com origem no mercado bolsista parecem repercutir-se na bitcoin em maior grau do que o inverso, indica o FMI. Em termos prospetivos, à medida que o panorama regulamentar evolui, o fundo antecipa que possa aumentar a interligação entre a bitcoin e os mercados financeiros tradicionais, “exigindo um acompanhamento atento dos riscos emergentes para a estabilidade financeira”.

Por isso, e para fazer face aos riscos decorrentes da potencial adoção generalizada de criptoativos, o FMI considera que as jurisdições “devem salvaguardar a soberania monetária e reforçar os quadros de política monetária, proteger-se contra a volatilidade excessiva dos fluxos de capital e adotar um tratamento fiscal inequívoco dos criptoativos”.

O roteiro aponta para o desenvolvimento da capacidade institucional desenvolvida pelo FMI e pelo Conselho de Estabilidade Financeira, dizendo que “a implementação consistente, abrangente e coordenada deste roteiro e de outras normas e recomendações internacionais relevantes é fundamental para abordar a estabilidade financeira e os riscos de integridade decorrentes de criptoativos, apoiando simultaneamente as políticas macroeconómicas”.

Além disso, lembra ainda que alguns projetos, nomeadamente determinados desenvolvimentos de tokenização, podem ser abrangidos por regulamentos bancários ou de valores mobiliários já existentes pelo que as autoridades devem monitorizar e supervisionar tais atividades para resolver eventuais vulnerabilidades.