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Empresas têm mais medo de nova crise financeira e de ciberataques do que das tarifas
22/04/2025 23:30

Perante o caos das tarifas de Donald Trump ao nível internacional, uma guerra comercial é o terceiro principal motivo de preocupação dos gestores portugueses. As empresas mostram-se mais preocupadas com ataques informáticos a estruturas críticas e com uma nova crise financeira global. 

A conclusão é do Barómetro do Observatório do Risco Geopolítico para Empresas da Porto Business School (PBS), que entre janeiro e fevereiro inquiriu 260 executivos de empresas baseadas em Portugal, importadoras e exportadoras, sobretudo de média e grande dimensão, e de todo o país, que será divulgado em breve. 

Questionadas sobre qual é o principal risco geopolítico no curto prazo, dois terços das empresas responderam que são os ciberataques de grande dimensão (67%) e uma crise financeira global grave (66%). Uma guerra comercial de “elevada intensidade” entre os Estados Unidos, China e União Europeia surge como terceiro risco no curto prazo, sendo apontado por pouco menos de 66% das empresas. 

Estes temas estão também no “top 3” das preocupações dos gestores no médio/longo prazo, em três anos, mas a crise financeira passa ao principal receio, sendo apontado pela maior proporção de empresas (60%). Seguem-se, então, depois os ciberataques de grande dimensão a infraestruturas críticas (apontados por 58%). A guerra comercial continua em terceiro lugar, sendo preocupação para 55% das empresas.

Na análise aos dados, os autores do barómetro consideram que a perceção do risco de ciberataques “não era, à priori, a mais expectável”, e que não preocupa tanto as empresas do setor transformador. “A perceção do risco poderá ser [mais] adequada sobretudo no setor dos serviços, marcado por uma elevada dependência de redes, sistemas de informação e de um elevado grau de digitalização”, afirmam. 

Já quanto ao risco de crise financeira, o Observatório admite que “surpreende” e que está “potencialmente sobre-representado”, mas considera que pode haver uma espécie de “trauma” face à crise financeira anterior. “O impacto profundo e duradouro da crise de 2008 ainda hoje condiciona a memória coletiva das organizações”, começa por explicar Jorge Rodrigues ao Negócios. O coordenador do Observatório acrescenta que as empresas têm, por isso, “maior familiaridade com este tipo de risco, que torna a sua probabilidade de ocorrência mais ‘disponível’ cognitivamente”. 

A guerra comercial como terceiro risco mais elevado das empresas, tanto no curto, como no médio e longo prazo, está, para os autores do barómetro, “genericamente adequado ao ambiente geopolítico atual e futuro”. É desadequado? O professor da PBS frisa que “a perceção de risco não se traduz apenas em prioridade estratégica imediata”. “Muitas empresas podem ainda não sentir o impacto direto das tensões comerciais no seu quotidiano, sobretudo aquelas que atuam apenas ao nível nacional.”

Ainda assim, “a presença das tensões no 'top 3' dos riscos demonstra que existe uma consciência crescente de que podem ter efeitos indiretos relevantes — seja em preços, em acesso a mercados ou em instabilidade regulatória”, frisa.


Contudo, a perceção deste risco aumenta particularmente para as empresas com forte exposição ao comércio internacional: é apontado como principal desafio no curto prazo por 75% das exportadoras e por 84% das empresas da indústria transformadora. 

No entanto, o barómetro mostra que os gestores não estão tão preocupados com um dos efeitos das guerras comerciais — um potencial desajustar das cadeias de abastecimento internacional. No curto prazo, esse risco é o oitavo (apontado por 54% das empresas); em três anos, sobe para quarta preocupação maior das empresas (55%).

“A subavaliação do risco de disrupção nas cadeias de abastecimento — particularmente relevante num contexto de desglobalização, de conflitos comerciais e de tensões logísticas — é mais preocupante”, afirma Jorge Rodrigues. Para o professor da PBS, esta despreocupação “mostra que muitas empresas, sobretudo as menos internacionalizadas ou com cadeias de valor mais curtas, ainda não interiorizaram a fragilidade estrutural dos seus fluxos logísticos”. E acrescenta: “Para uma economia pequena, aberta e fortemente dependente do exterior, este é um risco sistémico que devia estar no topo das prioridades estratégicas.”

Empresas não destacam apoios à tesouraria

O barómetro questiona também os gestores sobre quais os principais instrumentos para lidar com estes riscos geopolíticos. “Curiosamente, as empresas não colocam o apoio estatal no topo das suas prioridades. A resposta está a ser construída com base na autonomia estratégica interna”, resume Jorge Rodrigues.

De facto, os números do barómetro mostram que a investigação e o desenvolvimento (I&D) de novos produtos são apontados como a ferramenta mais eficaz para lidar com estas questões por 55% das empresas.

Depois, 53% destacam estratégias empresariais nas cadeias de abastecimento; 49% falam de tratados ou acordos comerciais de âmbito global e 45% falam do reforço do conhecimento em matéria de risco geopolítico.

Em suma, Jorge Rodrigues conclui que “as questões geopolíticas passaram a ocupar um lugar central na agenda das empresas portuguesas”, depois de durante “muitos anos terem sido percecionadas como uma realidade distante”.

A perceção de risco não se traduz em prioridade estratégica imediata. Muitas empresas podem ainda não sentir o impacto direto das tensões comerciais.Jorge Rodrigues
Coordenador do Observatório de Risco Geopolítico das Empresas

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