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Apagão com impacto pequeno na economia
29/04/2025 21:07

A economia pode ter perdido cerca de 0,1% do seu valor trimestral com o apagão desta terça-feira, dado o peso do setor energético no PIB português, um impacto imediato pequeno, mas que deixa os analistas em alerta para outras fragilidades no futuro

Fábricas e transportes parados, supermercados fechados, voos nos aeroportos desviados. O apagão que deixou Portugal sem eletricidade durante grande parte desta segunda-feira, 28 de abril, limitou fortemente a atividade da economia portuguesa durante cerca de 12 horas, a partir das 11:33. Mas com que impacto no PIB? 

Se durante o apagão a atividade foi reduzida, com o fornecimento da eletricidade estabelecido a 100% - os casos onde ainda não existe luz são localizados e devem-se a falhas próprias -, os analistas ouvidos pelo Negócios esperam que a esmagadora maioria da atividade económica que não foi realizada no dia do apagão seja agora rapidamente recuperada

No entanto, a quebra de produção elétrica terá, só por si, impacto na economia, dado o seu peso no PIB. "O que não será recuperado é a própria produção de energia. Estamos a falar de quase um dia. Um dia num trimestre corresponde a 1% do PIB trimestral, a energia vale cerca de 10% disso, talvez menos, o impacto pode ser até 0,1%", admite João Borges de Assunção, que dirige o Núcleo de Estudos Económicos (NECEP) da Universidade Católica. Considerando os valores do PIB do segundo trimestre de 2024 apurados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), um impacto dessa dimensão significa cerca de 55 milhões de euros.

Em outros setores, de maior dimensão no PIB ou mais dependentes de energia, a atividade não ficou totalmente parada. Por exemplo, na indústria é comum existirem "sistemas de 'backup'" que podem ter atenuado a falha elétrica e, consequentemente, a quebra na produção.

Isso aconteceu, por exemplo, no setor financeiroEmbora a rede Multibanco, operada pela SIBS, tenha continuado a operar, a falta de energia em caixas ATM e em dispositivos de pagamento provocou dificuldades. Alguns bancos tiveram de colocar as agências a funcionar à porta fechada. Mas a negociação na bolsa de Lisboa decorreu com normalidade e a Euronext esteve a operar com recurso a geradores. 

Outro setor que poderá ter sido mais afetado foi o da restauração, mas sem uma paralisação total - o fecho dependeu da capacidade de pagamentos a dinheiro e de funcionar ou não com recurso a geradores e com fogões a gás - Borges de Assunção desvaloriza o impacto.

No geral, o apagão teve um "impacto que se espera que seja pequeno, que não afeta o crescimento potencial da economia, nem o emprego. Não muda nada", afirma o professor da Católica. 

Apagão deixa questões para o futuro

Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa, concorda: "Não se prevê qualquer impacto mensurável no PIB, dada a curta duração do evento e a natureza temporária das perturbações".

Mais do que com os efeitos económicos imediatos, o analista destaca as "vulnerabilidades preocupantes" na infraestrutura energética nacional que, considera, podem ter um maior impacto na economia portuguesa.

Em causa está a elevada dependência da rede espanhola e a falta de redundância técnica, considera. Por isso, defende, "o episódio realça a importância de reforçar a resiliência dos sistemas elétrico, digital e logístico". 

Paulo Rosa considera ainda que o apagão deixa "uma lição financeira importante": a necessidade de dispor de dinheiro físico quando os meios de pagamento eletrónico falham. "Este cenário levanta questões sobre até que ponto o futuro euro digital do BCE poderá substituir por completo o numerário tradicional, sobretudo em situações de falha energética ou tecnológica", comenta. O analista do Banco Carregosa aponta também a fragilidade das criptomoedas nestes casos

Ao mesmo tempo, o apagão pode dificultar a interpretação do impacto das tarifas de Donald Trump sobre os produtos portugueses e, consequentemente, o PIB. Para Borges de Assunção, "elas, sim, podem mudar alguma coisa" na economia portuguesa. 

"Num contexto em que estamos à procura dos sinais da guerra comercial na economia portuguesa no segundo trimestre, esta perturbação vai dificultar a interpretação dos dados", disse. O professor da Católica dá como exemplo os números da utilização do multibanco e das vendas a retalho. Ainda assim, a dificuldade pode colocar-se no segundo trimestre, mas em termos anuais dissipa-se, aponta. 

Terá um impacto pequeno [...] não afeta o crescimento potencial da economia, o emprego. Não muda nada.João Borges de Assunção
Universidade Católica

Mais do que os efeitos económicos imediatos, evidenciou vulnerabilidades preocupantes na infraestrutura energética nacional.Paulo Rosa
Banco Carregosa

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