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Portugal contraria revisão em alta no investimento na Zona Euro
29/04/2025 23:47

O anúncio de novas tarifas dos EUA desfez todas as melhorias obtidas no sentimento económico no espaço da moeda única desde o arranque do ano, mas apesar dos níveis aumentados de incerteza, as empresas a surpreendem com maior otimismo nas perspetivas de investimento para este ano. Esta tendência é, no entanto, contrariada em Portugal.

Os dados do indicador de sentimento económico da Zona Euro, publicados nesta terça-feira pela Comissão Europeia, vêm confirmar uma deterioração geral das expectativas. Nos inquéritos de abril, já após o anúncio de tarifas quase universais feito pela Administração de Donald Trump, o indicador regrediu para os 93,6 pontos, praticamente para o nível apurado em dezembro e invertendo a tendência de ganhos de confiança do primeiro trimestre.

O novo afastamento em relação à tendência de longo prazo do grupo ocorreu sobretudo devido à quebra de confiança no setor de serviços, retalho e, em maior medida, entre os consumidores. Também na construção e na indústria houve descidas, mas menores, com a confiança dos industriais alemães a registar melhorias ligeiras no indicador setorial. Este permanece ainda marcadamente negativo no caso alemão, mas passa ao melhor nível de oito meses.

Quanto ao indicador dos consumidores, aquele que mais afunda, abril trouxe um agravamento generalizado, com a Finlândia a constituir-se com a única exceção a esta tendência entre os países da moeda única. As famílias estão agora a olhar de forma mais negativa para a situação financeira vivida ao longo do último ano e para aquela com que contam ao longo do próximo ano, veem também com maior pessimismo a situação das respetivas economias, assim como a possibilidade de realizarem compras importantes ao longo dos próximos meses. A apreciação quanto à capacidade de realizar poupanças e quanto a perspetivas no emprego também piora.

Os dados do inquérito deste último também mostram uma subida, esperada, nos níveis de incerteza, agora acima da média e ao pior nível desde, pelo menos, o último ano. Porém, a menor capacidade de prever o futuro no curto prazo não vem acompanhada de uma redução nas expectativas de investimento para este ano, que pelo contrário são revistas em alta no indicador global da Zona Euro. É assim no caso da indústria, à espera de aumentar investimento em 8% neste ano, de acordo com as respostas recolhidas nos meses de março e abril (em outubro e novembro, as respostas apontavam para 4% de subida). Também os serviços elevam as intenções de aumentar investimento, de 8% para 11%.

Não é, no entanto, esse o caso de Portugal, onde os dados mais recentes da Comissão Europeia sugerem agora uma quase estagnação nos níveis de investimento no setor de serviços e um abrandamento na indústria. Há três meses, as indústrias nacionais antecipavam um aumento de 19% nos planos de investimento face ao ano passado, sendo que agora é esperada uma subida de apenas 9%. Nos serviços, a perspetiva é de apenas 1% de reforço, comparando com 8% esperados no outono.