Por um voto nuns casos, com 53% noutros. Como o Chega ganhou o sul
21/05/2025 10:00
É um país partido ao meio: do Tejo para baixo, o Chega venceu em quase todos os distritos. Sobrou apenas Évora. E mesmo neste melhorou a votação. Já lá vamos.
Dos quatro distritos nos quais ganhou, houve três em que o partido de André Ventura deixou o PS em segundo lugar. Conseguiu 27,73% em Beja, acima dos 26,49% dos socialistas. Em Portalegre atingiu 29,9%, quase dois pontos acima do segundo lugar. Em Setúbal alcançou 26,38% (o PS teve 24,97%).
Em Faro, onde em 2024 tinha ficado em primeiro lugar, conseguiu 33,90%. Mais do que os 25,74% da AD e acima dos 27,19% que tinha tido há pouco mais de um ano.
Uma análise mais detalhada mostra, no entanto, que os resultados variam muito de concelho para concelho. Tanto venceu com mais de 39% - casos de Albufeira e Lagoa – como ficou em segundo ou mesmo terceiro, como em Alcoutim (16,2%) e Monchique (21,24%).
E é quando se desce ao nível da freguesia que a implementação local do partido fica mais visível.
No concelho de Lagoa, por exemplo, conseguiu resultados próximos de 40% em todas as freguesias, tendo mesmo ultrapassado esse valor em Estômbar e Parchal.
A vitória mais folgada, no entanto, foi mais a norte: 53,3% na freguesia de São Vicente e Ventosa, no concelho de Elvas, distrito de Portalegre. Foi uma vitória reforçada: já em 2024 o partido de André Ventura tinha alcançado 49,06% naquela localidade.
É em Portalegre, aliás, que fica o concelho no qual o Chega conseguiu a maior vitória a nível municipal: em Elvas atingiu 43,51%.
Também em Beja e Setúbal há, em algumas freguesias, resultados que se aproximam deste. Sendo certo que a nível da freguesia é frequente ver vitórias expressivas em vários partidos, com percentagens que frequentemente se aproximam – e até ultrapassam – os 50%, o que não é tão comum é ver isso numa força partidária que há seis anos tinha um único deputado.
Foi com a preferência de 187 eleitores que o Chega atingiu o primeiro lugar na pequena freguesia de Beringel, no concelho e distrito de Beja. Beringel tem apenas 1.088 votantes inscritos dos quais 663 foram às urnas. Esses 187 votos foram apenas mais um do que os do PS, mas o suficiente para a vitória. Sendo que houve uma troca de posições: há um ano os socialistas venceram com 223 votos (33,04%), mais 82 votos do que o partido de André Ventura, que tinha obtido 20,89%
Também na freguesia de Póvoa de São Miguel, no concelho de Moura, a vitória foi alcançada com a diferença de apenas um voto. Foram 149 (36,43%). Caso raro: piorou o resultado. Em 2024 recolheu a preferência de 158 votantes (37,44%).
Ainda no distrito de Beja, também há pelo menos um caso inverso: foi por um voto que o partido ficou em segundo lugar na freguesia de Pedrogão, concelho da Vidigueira. Foram 145. No município como um todo, aliás, o Chega venceu por apenas dois votos.
Ainda no Alentejo, nota ainda para uma curiosidade estatística: um empate. Na freguesia de Alfundão e Peroguarda (concelho de Ferreira do Alentejo), o Chega e o PS conseguiram os mesmos 191 votos.
Évora foi o distrito que impediu que o Chega tenha feito o pleno em todo o sul do país: ficou em segundo lugar, com 24,82%, atrás do PS, que teve 27,81%. No entanto, se a evolução atual se mantiver, André Ventura pode ambicionar conquistar mais este distrito.
De 2024 para este ano, o Chega passou de terceira a segunda força política naquele distrito, melhorando o resultado de 19,96% e ultrapassando a AD (que então incluía o PPM). E conseguiu reduzir a diferença de mais de 11 mil votos para o vencedor para apenas 2.600. Ganhou em seis dos 14 concelhos do distrito.
O Alentejo como um todo foi alvo, nos últimos anos, de intensa imigração para trabalhos na agricultura: só desde 2020 até 2023 a população estrangeira com estatuto legal de residente na região do Alentejo cresceu de 36 mil para 56 mil pessoas.
O fenómeno pode ajudar a explicar o sucesso do Chega no sul do país. A defesa do controlo apertado das fronteiras, em conjunto com uma perceção de aumento da insegurança – que é contrariada pelos dados estatísticos – pode ter ajudado a votação.
Em número absoluto não são os locais do país que acolhem mais trabalhadores de outras origens. Mas como o Alentejo é menos populado do que outras regiões do país, os imigrantes que lá se instalam representam uma proporção maior.
Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que em 2023 a população estrangeira com estatuto legal de residente em todo o Alentejo atingia 56 mil pessoas. O valor representa quase 14% da população residente total que era de aproximadamente 406 mil pessoas. O número contrasta com os cerca de 10% de imigrantes no país como um todo.
Em 2022 a percentagem era de 11% (44 mil imigrantes com estatuto legal face a uma população no Alentejo de 401 mil pessoas).
Não é a primeira vez que o país é pintado a duas cores, uma a norte e outra a sul. Mas os tons mudaram: o Chega "limpou" o território a sul do tejo, destronando o PS em três distritos. Sobrou Évora, mas até ali melhorou a votação, tornando-se o segundo maior partido e vencendo em seis dos 14 concelhos.
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