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Pedro Oliveira: "Surpreende-me não haver mais resistência das empresas e universidades" nos EUA
28/05/2025 12:30

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    Bilhete de identidade Idade: 53 anos
    Cargo: Nova SBE, Director e Professor Catedrático, detentor da Cátedra Cascais em Operações, Tecnologia e Inovação (desde janeiro de 2023), Copenhaga Business School, professor (desde 2018); Patient Innovation, cofundador (2010), PPL - Crowdfunding Portugal, cofundador (2011)
    Formação: Católica, Lisbon School of Business and Economics, Professor e Director Associado (2004 a 2019), Doutoramento em Gestão de Operações, Inovação e Tecnologia, Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill

    O novo Governo deve lançar um programa de atração de cérebros dos Estados Unidos, na linha do que está a acontecer um pouco por toda a Europa, defende o diretor da Nova SBE. Convidado das "Conversas com CEO", Pedro Oliveira viveu nos EUA onde se doutorou e conhece bem as escolas de economia e gestão norte-americanas. Esperava por isso maior resistência das universidades, mas compreende que o que os professores têm em risco são os seus empregos. Sobre o programa de 500 milhões de euros da UE diz que é importante, mas é menos dinheiro do que parece._Dará para 200 cátedras para todos os países europeus. Além disso, atrair norte-americanos pode revelar-se difícil porque ganham quatro a cinco vezes mais nos EUA. Numa conversa de mais de meia hora, aqui editada e que pode ser ouvida na íntegra em podcast, falamos do seu percurso profissional, do tempo em que viveu em Copenhaga e do que podemos aprender com os países nórdicos.

    Nova Iorque, Lisboa, Copenhaga. Como é que consegue ter tempo para tudo?
    Agora estou a tempo inteiro dedicado à gestão da Nova SBE. Mas vou muitas vezes a Copenhaga e a muitos sítios. Viajar faz parte da minha ‘job description’ porque é uma escola muito internacional. Temos cerca de 300 parcerias e estamos a começar mais. Faço coisas de que gosto e não sinto a necessidade de ter momentos de lazer. Se calhar acabo por trabalhar mais do que devia, mas divirto-me e não tenho sequer a sensação de que trabalho demais. Continuo a ter tempo para a família. Muitas vezes, nas viagens, levo os meus filhos.

    E a sua vida em Copenhaga? Como a compara com cá?
    É uma sociedade bastante diferente, com muito sentido de comunidade, mais do que sinto que existe em Lisboa. As pessoas sentem grande responsabilidade com a sua ação no dia-a-dia. Por exemplo, as preocupações com a sustentabilidade. Hoje são muito marcadas também na sociedade portuguesa, mas os nórdicos começaram a fazer esse caminho há anos. Gostei imenso de viver em Copenhaga e ainda mantenho uma ligação forte à Copenhagen Business School. Sempre tive um grande fascínio pelos países nórdicos.

    Devíamos aprender com os nórdicos a não dar tanta importância às hierarquias.

    O que é que podíamos aprender com eles?
    Temos muitas coisas para aprender. Toda esta questão de proteção do ambiente. Devíamos aprender com os nórdicos a não dar tanta importância às hierarquias como acontece no sul da Europa. Em Portugal ainda existe um peso das hierarquias que não faz sentido. Se nos tratássemos pelo nome, em vez de perdermos tanto tempo com títulos, se calhar éramos capazes de dizer coisas uns aos outros com mais facilidade e íamos ter uma sociedade mais inovadora, menos entretida com o que não tem assim muita importância. Pelo menos, em relação ao nosso Presidente da República, sabemos que ele é muito acessível.

    A Nova SBE está no Top 20 das melhores escolas de Negócios…
    …Temos dois programas que são Top 10 mundial, o mestrado em Finanças, o International Masters in Finance, número 7 no mundo, e o mestrado de Gestão, o International Masters in Management, que é número 8. Esse é um ranking que qualifica toda a escola, em todas as dimensões, e aí estamos em décimo oitavo.

    Como se consegue esta notoriedade?
    Houve um trabalho muito interessante de internacionalização da escola e estamos a colher os frutos. A escola começou a recrutar no mercado internacional muito antes de qualquer outra em Portugal e iam-se buscar os melhores, que por vezes eram portugueses. Começou também a recrutar alunos internacionais muito cedo. Temos "alumni chapters" um pouco por todo o mundo.

    E que prioridades tem neste momento para a Nova SBE?
    Manter e afirmar os programas educacionais entre os melhores do mundo é uma das nossas prioridades. Mas temos estado a fazer grandes investimentos na afirmação da nossa investigação. Queremos que a escola seja reconhecida não apenas pelos programas de ensino, mas também pela sua investigação e produção de conhecimento.

    E em que áreas?
    Transversalmente, nas nossas áreas de gestão, economia, finanças. Temos vários centros de conhecimento, a que chamamos de "knowledge centers", tipicamente iniciativas de professores. Depois, temos os institutos que são iniciativas estratégicas da escola. Neste momento, temos quatro.   E estamos a criar outros institutos. Por exemplo, o Instituto de Envelhecimento, que é uma parceria com a nossa escola de Medicina. E o instituto na área Sustentabilidade – não sei se será esse o nome. Este é uma parceria com a Universidade de Stanford e tem sofrido um bocadinho por causa das pressões da administração Trump, não a nós, mas ao nosso parceiro.

    Stanford recuou nessa parceria?
    Com os cortes bastante substanciais no financiamento da administração Trump, aquilo que era uma prioridade, que era trabalhar connosco no lançamento deste instituto, passou para segundo plano. 

    Podem deixar cair Stanford e tentar outras universidades?
    Estamos a falar com outras escolas parceiras, também na Europa, sobre este projeto. Não queremos que Stanford caia e eles também não querem. É mais uma questão quase de sobrevivência destes parceiros, que estão a ser, de facto, muito afetados por alguns destes cortes.

    O que lhe dizem os seus colegas dos EUA? Como é que estão a resistir a...
    …Estão muito apreensivos. Estamos todos, não é? Como é que estão a resistir? É uma boa questão porque uma das impressões que muitos de nós na Europa temos é que, na generalidade dos casos, não estão a conseguir resistir. Uma das grandes surpresas para quem viveu na América, como eu, é que nos habituámos a ver os EUA como o grande baluarte do comércio livre, da liberdade em geral.  Como é que, hoje, professores prestigiados de universidades americanas – que sempre foram muito vocais, por exemplo, nas redes sociais, também em relação à política – estão muito mais calados do que era costume? A Universidade de Harvard tem estado a resistir. Mas está numa situação muito particular, é a mais rica da América.

    Não o surpreendeu haver uma dependência tão grande do Estado Federal, das universidades e até das empresas?
    Não me surpreendeu porque sabia que essa dependência existia. Mas o que me surpreende é não estar a haver mais resistência das empresas e das universidades. Essa resistência vai surgir. Mas, de facto, esperava que, pelo menos as universidades, que conheço melhor do que as empresas nos EUA, tivessem resistido de forma mais viva.

    As pessoas [nas universidades norte-americanas] estão muito apreensivas porque acham que podem perder o emprego.

    E consegue explicar esta falta de coragem dos professores de referência, dos empresários?
    As pessoas estão muito apreensivas porque acham que podem perder o emprego. Estive há pouco tempo numa reunião de "deans" em Viena da Áustria muito impressionante. Nunca tinha visto algo assim: colegas americanos, ao pedirem para falar, pediam desculpa e escondiam o nome, porque preferiam não ser identificados. E estes diretores pediam a palavra quase a pedir apoio: ‘vocês não nos percebem, mas isto para nós significa também a continuação do nosso trabalho, podemos perder o emprego, muitos dos nossos colegas já perderam o emprego’. Nós, fora dos EUA, não temos bem a noção do tipo de pressões que estão a acontecer. É absolutamente surpreendente. Consigo compreender, porque alguns destes "deans" não estão a defender só a sua posição, estão a defender os seus professores, as suas escolas.

    Como é que a União Europeia pode beneficiar com o que se está a passar? Acredita no Europe for Science?
    Acredito, mas não vai ser tão fácil como muita gente está a dizer.  Conheço melhor os salários das áreas da economia e gestão e existe uma diferença muito substancial entre o que ganha um professor numa escola de negócios nos EUA e na Europa. O salário é facilmente quatro, cinco vezes superior em escolas comparáveis nos EUA. Temos casos de colegas americanos que querem passar cá algum tempo, estão a fugir politicamente dos EUA. Mas não fogem logo. Estão a fugir de uma forma ainda bastante confortável, que é: ‘se calhar primeiro prefiro passar um ano na Nova e depois decido o que fazer’.

    Porque vêm sempre ganhar menos?
    Virão sempre ganhar menos. Há aqui desafios grandes. Von der Leyen anunciou um investimento de 500 milhões de euros para atrair "chairs" para a Europa. É muito dinheiro. Mas se usarmos como referência as ERA Chairs [programa de financiamento europeu], uma cátedra tipicamente paga os salários a um professor e de alguns assistentes para ajudarem na sua investigação. Uma cátedra europeia como a ERA Chairs são cerca de 2,5 milhões de euros. O que significa que 500 milhões de euros dá para 200 cátedras. Não é assim tanto, para a Europa toda. Obviamente, o programa pode vir a ser reforçado e as iniciativas são boas. Há muita gente nos EUA que não está apenas desconfortável, está com medo de perder o emprego e, em alguns casos, já perdeu o emprego. O que significa que vai haver uma fuga de cérebros para a Europa. Mas quando começam a olhar para os salários que pagamos, em Portugal, na Europa, de uma forma geral, ficam um bocadinho apreensivas.

    Vamos ter um novo Governo. Devia também avançar com um programa deste tipo?
    Sem dúvida. Espero que estas iniciativas que estão a ser já lançadas, um pouco por toda a Europa, possam também acontecer em Portugal. Nós já estávamos a fazer isso, não por razões políticas, mas porque a escola cresceu muito: de 2023 para 2024, passámos de 82 para 120 professores. E vamos continuar a precisar.  Não estamos a recrutar americanos, estamos a ir ao mercado internacional, onde, por acaso, neste momento, há mais americanos do que havia. Eu quero o que for melhor, não vamos recrutar por ser americano.

    Se pudesse escolher um desafio que é necessário vencer no Ensino Superior, qual escolhia?
    O ensino superior está cheio de desafios. Em Portugal, o desafio do financiamento é muito importante. Mas o desafio tecnológico, o que significa a inteligência artificial para o ensino e a investigação, é algo para o qual as universidades não estão ainda preparadas. E estamos a sentir isso na pele. Os nossos alunos e docentes estão a utilizar a inteligência artificial para fazer os seus relatórios e projetos. E incentivamos isso, porque é o que faz sentido. Mas ainda não temos otimizado o modelo para que estas contribuições das máquinas sejam devidamente avaliadas pelos professores. Estamos a encorajar as pessoas a ajudar-nos a pensar o que é que isto significa para o futuro. A partir do momento em que os nossos alunos utilizam inteligência artificial, não podemos olhar para aquele relatório da mesma maneira. O mesmo está a acontecer na investigação. Todo este processo de "peer review" [revisão de pares] está um pouco em causa, quando se põe agora em questão de quem é que realmente produziu aquele "paper". A parte tecnológica é talvez o grande desafio do ensino superior em termos globais.

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