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Há uma TAP "boa", para vender, e a Siavilo sem ativos, sem gestão e com dívidas
17/06/2025 19:54
Uma separação que tem uma história de desamor e finanças frágeis por trás. A separação da TAP SGPS e da TAP SA concretizou-se oficialmente em janeiro deste ano, depois de a primeira mudar de nome para Siavilo SGPS, mas começou alguns anos antes.No meio do arranque de um novo processo de privatização (que ainda não aconteceu), o grupo TAP foi reestruturado para que a TAP SA fosse mais atrativa para os potenciais compradores, cuja lista de interessados deverá ter ascendido a uma dúzia. É então aqui que se dá a separação entre a TAP "boa" e a TAP "má", a TAP SA e a SGPS, respetivamente. É então preciso começar pelo início, regressando aos anos pandémicos, quando a companhia aérea voltou para as mãos do Estado português. Em 2020, o Governo liderado por António Costa passa a deter 72,5% do capital da TAP, que ainda era vista como um todo, e em 2021 a Comissão Europeia aprova o plano de reestruturação da transportadora portuguesa, emprestando apoios que serviram para revitalizar a TAP através de aumentos de capital.Com a reestruturação com a "luz verde" de Bruxelas, a TAP é forçada a vender negócios e ceder "slots" à concorrência, que ficaram para a easyJet. Entre os negócios afetavam estava a Manutenção e Engenharia Brasil - a antiga VEM -, a Groundforce e a Cateringpor. A antiga VEM foi encerrada em 2022 depois de acumular prejuízos de quase 600 milhões em 13 anos, enquanto a maioria do capital da Groundforce foi adquirido pela Menzies em 2024. Em julho de 2022 ficou a saber-se que o Estado estava a preparar um aumento de capital da TAP SGPS em 224 milhões de euros, na sequência da saída de Humberto Pedrosa da empresa na qual detinha 22,5% do capital social. Nesta data, o Estado era dono de 95% do capital do grupo TAP (50% da Parpública e 45% da Direção-Geral do Tesouro e Finanças) e os trabalhadores dividiam 5%, sendo que este aumento de capital diluiu a participação dos trabalhadores e o Estado passou a deter a totalidade do grupo.A TAP SGPS, considerada a "holding" do grupo, agregava a maioria dos ativos do grupo, com a TAP SA apenas a ser constituída pela transportadora aérea, considerada o principal ativo do grupo. Contudo, a "holding" tinha a Portugália, a participação na Cateringpor, UCS (Cuidados Integrados de Saúde), SPdH (Serviços Portugueses de Handling - Groundforce) e a TAP Logistics Solutions.Numa altura negra para o grupo português, apenas a TAPGER - onde estavam a Cateringpor e a UCS - apresentavam um resultado positivo na ordem dos 300 mil euros, sendo que o prejuízo da Portugália, antiga VEM e Groundforce ascendiam, em 2021, a largos milhões.Atualmente, estes ativos estão sob a alçada da TAP "boa". A TAP SA tem atualmente 100% da UCS, 49,9% da Groundforce, 100% da Logistics Solutions, 100% da Portugália e 51% da Cateringpor, sendo que apenas são conhecidos os 4,4 milhões de euros pagos pela Portugália e que o valor oferecido pela empresa de catering foi superior a cinco milhões de euros, uma vez que exige aprovação do Tribunal de Contas.Despida de ativos, a "holding" fica então com a alcunha de TAP "má" no início deste ano, herdando obrigações financeiras, como a liquidação da operação no Brasil e o reembolso das obrigações subscritas pela Azul em 2016, altura em que David Neeleman era acionista da companhia brasileira e da TAP.Esta terça-feira ficou a saber-se que a gestão da Siavilo SGPS apresentou renúncia aos respetivos cargos, com a empresa a ficar novamente despida, desta vez ao nível de pessoal. Os órgãos sociais da ex-TAP SGPS renunciaram em bloco entre o fim de março e início de junho, ficando sem Conselho Fiscal, Conselho de Administração e revisor oficial de contas no espaço de dois meses.Esta renúncia acontece num momento em que a companhia brasileira Azul reclama o reembolso antecipado do pagamento de um empréstimo obrigacionista de 2016, em que entrou com 90 milhões de euros e o Estado com 30 milhões, e já vai em 177 milhões de euros, e também quando o processo de privatização da transportadora nacional vai finalmente sair do papel, após sucessivas pausas por conta das quedas dos Governos de António Costa e Luís Montenegro.
