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Governo põe ferry do JPP para as ilhas nas prioridades da legislatura
18/06/2025 08:40
Portugal Continental e as Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores podem, a prazo, vir a estar ligados por uma ligação regular por ferry. É o que promete o Governo no seu Programa, sendo esta uma das 80 medidas que Luís Montenegro incorporou de outros partidos, neste caso o do deputado único eleito pela Madeira.O Executivo propõe-se a avançar com a "criação de uma linha ferry entre as regiões autónomas e o continente", de acordo com as medidas para a Mobilidade apresentadas no Programa do Governo, que está em debate na Assembleia da República. E concretiza que esta linha ferry deve ser utilizada para "fazer o transporte de mercadorias e passageiros".Este ferry não constava do Programa Eleitoral da AD para as Legislativas de 18 de maio, mas surge agora como uma das promessas do Governo. Estava, sim, nas propostas apresentadas pelo Juntos Pelo Povo (JPP), o partido madeirense que conseguiu neste ato eleitoral entrar no Parlamento nacional, com a eleição de Filipe Sousa. Mas em vez de ligar apenas a Madeira, o Executivo abre a porta também aos Açores.O JPP defende que o ferry, "mais do que uma exigência dos madeirenses, é uma ligação fundamental e estruturante para a economia regional, as pessoas, as famílias e as empresas". É visto pelo partido como uma ligação que permitirá reduzir os custos, nomeadamente do transporte de mercadorias face às alternativas atuais.Num comunicado emitido pelo partido no período de pré-campanha eleitoral, Filipe Sousa sublinhava que o "ferry irá baixar o custo com o transporte de mercadorias, reduzir o custo de vida e das empresas e abrir novas oportunidades". E "talvez possamos atrair mais uma grande superfície comercial para a Madeira e introduzir maior concorrência nos bens alimentares, com reflexos na descida dos preços", acrescentava. Esta ligação marítima era mesmo assumida como um dos principais compromissos da candidatura do agora deputado da Assembleia da República que criticou as promessas nunca cumpridas. O anterior Governo de Montenegro chegou a incluir no Orçamento do Estado para este ano o lançamento de um concurso público internacional para o financiamento do transporte marítimo regular entre a Madeira e o continente para "passageiros e carga rodada". Nada aconteceu.Filipe Sousa considera que a redação do texto no Orçamento do Estado continha a "mesma limitação que havia sido imposta ao Armas e que contribuiu para inviabilizar a linha e forçar o armador a abandoná-la". A "carga rodada" significava que apenas poderia transportar veículos e não outras mercadorias que são, atualmente, enviadas em contentores, nos cargueiros. Por Armas, o deputado refere-se à Naviera Armas Trasmediterránea, grupo espanhol que chegou a operar um ferry entre a capital da região autónoma madeirense e Portimão. Entre 2008 e 2012, este ferry assegurou uma ligação semanal, durante todo o ano, entre o Funchal, Portimão e Las Palmas (nas ilhas Canárias). Essa ligação foi interrompida, regressando ao funcionamento anos mais tarde, já em 2018. O transporte marítimo de passageiros e de veículos funcionou durante dois anos, em 2018 e 2019, mas acabou por ser suspenso no final de 2019, sendo a operação declarada inviável economicamente.O Volcán de Tijarafe era o ferry utilizado nesta ligação. Tinha capacidade para transportar 1.000 passageiros que pagavam entre 29,10 euros, no caso dos residentes, e 85 euros, para os não residentes. O transporte de veículos tinha custos variáveis em função do tipo, sendo que um automóvel convencional pagava um "bilhete" de 125 euros.
