Investidores apertam os cintos. Vem aí muita turbulência nos mercados
23/06/2025 21:59
A semana arrancou da forma menos desejada para os investidores: com muita volatilidade. Se há coisa de que os mercados não gostam é de incerteza, pelo que a atual situação no Médio Oriente está a gerar grande turbulência. Com efeito, 10 dias depois do início dos ataques aéreos de Israel contra o Irão, e após os Estados Unidos terem lançado uma ofensiva cirúrgica sobre três importantes instalações nucleares iranianas no sábado, os mercados entraram em modo "risk off". Esta aversão ao risco levou a uma queda das bolsas, ao mesmo tempo que houve uma maior procura por alguns ativos de refúgio, como o dólar e as obrigações soberanas - o que fez com que os juros da dívida se agravassem. Já o ouro, que é um porto seguro por excelência, não beneficiou desse estatuto, muito à conta da valorização da nota verde. Mas rapidamente tudo mudou.A inversão de tendência começou a ser visível a meio da tarde. Os juros das obrigações acabaram por recuar, ao passo que a aposta nas ações defensivas deu algum gás às bolsas. Já o ouro entrou em território positivo e o dólar perdeu força - numa altura em que tem sido penalizado pela menor atratividade como reserva de valor mundial, dada a incerteza em torno do Presidente dos EUA, Donald Trump, num contexto de diminuição do chamado "excecionalismo americano". A alta volatilidade continuou a ser maior certeza dos mercados, com a tendência dos ativos a mudar velozmente.O petróleo não foi exceção, com a matéria-prima a viver um dia de autêntica montanha-russa. Depois de abrir em forte alta durante a sessão asiática, a escalar 5,7% para máximos de cinco meses, acabou por perder fôlego e entrou em terreno negativo, a cair mais de 2%. Mas não se ficou por aí. Ao final da tarde, com o anúncio de que o Irão tinha retaliado contra os EUA, lançando mísseis sobre bases norte-americanas no Qatar e Iraque, o crude perdeu ainda mais terreno. O Brent do mar do Norte, que é negociado em Londres e é a referência para as importações europeias, cedia 6,22%, ao final do dia, para 72,22 dólares por barril, depois de ter chegado a transacionar na casa dos 81 dólares. Já o West Texas Intermediate, "benchmark" para os Estados Unidos, recuava 6,23% para 69,24 dólares por barril. Mas por que motivo se deu o recuo das cotações do ouro negro? As primeiras quedas tiveram sobretudo a ver com o facto de os petroleiros terem continuado a sair do Médio Oriente sem problemas, e coincidiram também com os apelos de Trump para que se mantivessem os preços baixos. Mais tarde, já com a ofensiva iraniana sobre alvos norte-americanos na região, o crude depreciou-se ainda mais devido a um movimento de "sell-off" perante o risco, como sublinhou a Bloomberg, e também porque a maioria dos observadores começa a não acreditar que o Irão concretize a ameaça de fechar o Estreito de Ormuz. "Um conflito muito dispendioso poderia minar ainda mais a estabilidade interna do regime iraniano. A melhor opção para o Irão poderá ser optar por retaliações simbólicas que não desencadeiem uma grande resposta dos EUA", aponta o economista-chefe da Berenberg, Holger Schmieding, numa análise a que o Negócios teve acesso.Já a agitação nos mercados deve aumentar. Os investidores "devem preparar-se para uma turbulência a curto prazo, com os preços da energia e as expectativas de inflação em primeiro plano. Não obstante, tal como em crises anteriores, os movimentos excessivos do mercado podem levar a oportunidades interessantes", considera Gregor Hirt, diretor de investimento global de multiativos da Allianz Global Investors (GI), acrescentando que os bancos centrais, em particular a Reserva Federal norte-americana, poderão ter de reavaliar as suas trajetórias de política monetária se a inflação acelerar enquanto o crescimento abranda."Nos próximos dias, vai ser crucial compreender a extensão dos danos nas instalações nucleares do Irão, a magnitude da resposta iraniana e a posição da comunidade internacional. Tudo isto determinará o sentimento do mercado no curto prazo", sublinha Hirt.Igual entendimento têm os analistas da Ebury. "Todas as atenções estão agora viradas para a dimensão da retaliação do Irão, seja através de novos ataques com mísseis e drones contra Israel ou de um bloqueio do Estreito de Ormuz. Se bem-sucedida, esta última medida representaria um acontecimento significativo para os mercados, dada a grande importância da rota para o comércio mundial de petróleo, cerca de 20% do qual passa por este estreito", afirmam.Neste domingo, o parlamento iraniano votou a favor do encerramento do Estreito de Ormuz, tornando mais real a ameaça que já vinha a ser feita há vários dias por Teerão. Ainda assim, poderá optar por não o fazer, até porque também teria muito a perder. A situação económica do país já não é a da outrora, ao passo que os Estados Unidos têm uma nova arma: o "shale oil" (petróleo obtido a partir das rochas de xisto betuminoso).Com efeito, a produção de "shale" norte-americano aumentou fortemente nos últimos anos, sendo agora os EUA o maior produtor mundial de crude e o quinto maior exportador - depois da Arábia Saudita, Rússia, Iraque e Canadá. A tecnologia de extração continua a ser a mesma (fraturamento hidráulico), mas melhorou bastante e tornou-se menos dispendiosa.Além disso, há também membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), nomeadamente a Arábia Saudita, que podem compensar qualquer perturbação na oferta de crude iraniano, caso a ofensiva se agrave, mas o problema irá manter-se se Teerão decidir fechar o Estreito de Ormuz - situado nas águas territoriais do Irão e de Omã.De facto, se esta importante passagem fechar, todo o cenário muda: muitos analistas veem os preços do petróleo na casa dos três dígitos se isso acontecer. Mas o certo é que, de momento, não se espera um encerramento do Estreito de Ormuz. "Com a sua vasta linha costeira, o Irão tem provavelmente várias formas de perturbar a navegação. Contudo, tentar estrangular as exportações de energia da região do Golfo seria uma estratégia de alto risco para Teerão. É provável que a China e muitos outros países que não costumam estar do lado dos EUA ficassem zangados", diz Schmieding.A chave para as economias globais e a inflação "passa por perceber se o aumento do preço do petróleo vai ser temporário ou mais permanente", segundo Gregor Hirt. E uma libertação coordenada das reservas estratégicas também poderia atenuar esse impacto. "A UE detém reservas equivalentes a cerca de 90 dias de importações líquidas; os EUA detêm cerca de 20 dias, embora sejam praticamente autossuficientes; e estima-se que a China tenha cerca de 30 dias, embora não publique números oficiais", sublinha.No que diz respeito ao curto prazo, a Allianz GI prevê que os preços do petróleo se possam manter na faixa dos 80 a 100 dólares por barril. No entanto, "parte do risco geopolítico já está descontado nos preços, especialmente nos contratos a curto prazo", ressalva.
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