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Preço das casas dá maior salto de sempre no arranque da garantia pública
23/06/2025 23:30
O preço das casas não dá sinais de abrandamento. Pelo contrário, nos primeiros três meses deste ano assistiu-se mesmo a uma aceleração sem paralelo. Num período marcado pelo alívio das taxas de juro, mas também pela entrada em vigor da garantia pública para os jovens, o índice de preços registou uma subida de 16,3%, com o preço médio de cada um dos mais de 41 mil imóveis transacionados a superar os 230 mil euros."O Índice de Preços da Habitação cresceu 16,3% em termos homólogos, mais 4,7 pontos percentuais que no trimestre anterior", segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), sendo esta a variação mais expressiva de todo o histórico, que recua até 2009. Face ao trimestre anterior, ou seja, numa análise em cadeia, observa-se um aumento de 4,8%, também neste caso um crescimento acentuado que não se verificou em qualquer período comparável.Estas variações expressivas, que elevaram o valor médio das transações para 232 mil euros, registaram-se num contexto de alívio dos juros. Depois da escalada, o Banco Central Europeu (BCE) iniciou um ciclo de descidas da taxa diretora que tem levado os indexantes de mercado, muitas vezes utilizados como referência para os contratos de crédito à habitação, a aliviarem. Nos primeiros meses as taxas baixaram dos 2,5%, estando já abaixo de 2%.Os juros mais baixos aumentam o apetite pelo financiamento para a compra de casa, sendo que neste período analisado pelo INE houve um outro fator a atrair compradores para o mercado: entrou em vigor a garantia pública, medida criada com o objetivo de ajudar os jovens a adquirirem habitação própria permanente. Com esta garantia, os jovens passaram a poder financiar a totalidade da compra.Os dados do Relatório de Estabilidade Financeira do Banco de Portugal mostraram que a compra de casa com garantia pública representou 44% do crédito a jovens durante os primeiros três meses deste ano. E o crédito com garantia representou 9% do número de contratos e 13% do montante total dos novos créditos à habitação realizados pelas instituições financeiras no mesmo período.O INE sublinha que a subida de preços foi sentida em todos os imóveis, tanto nos usados como os novos. "No trimestre de referência, a taxa de variação dos preços das habitações existentes foi 17%, acima da observada nas habitações novas (14,5%)", acrescenta. Estas evoluções ficaram, "em ambos os casos, acima das variações ocorridas no quarto trimestre de 2024 (12,4% e 9,6%, respetivamente)", nota o BPI Research.Estas variações foram registadas num trimestre em que foram realizadas 41.358 transações. Registou-se um aumento de 25% no número de operações face a idêntico período de 2024 (32,5% no quarto trimestre de 2024). "Do total das transações, 8.359 respeitaram a habitações novas, traduzindo-se num aumento de 25,4% relativamente ao trimestre homólogo. As vendas de habitações existentes representaram a maioria das transações (79,8% do total), tendo atingido 32.999 unidades, valor superior em 24,9% face ao registo do mesmo período de 2024", nota o INE.Enquanto o Norte liderou em número de operações (quase 30% das transações), com a Grande Lisboa um pouco atrás (19,4%), em valor, "a Península de Setúbal e a Região Autónoma da Madeira foram as regiões que registaram os maiores acréscimos homólogos em termos de quotas relativas, respetivamente, 0,6 e 0,4 pontos percentuais, perfazendo, no primeiro caso, 9,9% do valor total e 2,8%, no segundo". Contudo, "a Grande Lisboa e o Algarve, no seu conjunto, concentraram 42,4% do montante total transacionado".Assiste-se a uma evolução mais acentuada em termos de preços, mas também há sinais de crescimento no que respeita às transações. E há vários sinais de que esta tendência registada nos primeiros meses de 2025 continue a verificar-se nos trimestres seguintes. Nomeadamente a concessão de crédito para a compra de imóveis e a avaliação feita no momento desse financiamento."As novas operações de crédito à habitação evoluem fortemente, com um valor médio de 1.566 milhões de euros contratados, mensalmente, no primeiro quadrimestre do ano", nota o BPI Research. E a "avaliação bancária no contexto de crédito à habitação, em abril, evoluiu 16,9% em termos homólogos e o valor mediano por metro quadrado (1.866 euros) situa-se 6,8% acima do registado em finais de 2024", nota. A nota do banco de investimento aponta para que o "mercado imobiliário se mantenha em zona de expansão (aumento dos preços e do número de transações)", sendo que "a previsão atual do BPI Research aponta para um crescimento médio dos preços de 9,5% e de 3,4% das transações". Contudo, "o avanço recorde em cadeia do Índice de Preços da Habitação que observámos neste primeiro trimestre poderá implicar uma revisão em alta da previsão".
