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Descurar o propósito individual dos trabalhadores ameaça a saúde empresarial
15/05/2021 19:00

A forma como a Covid-19 alterou radicalmente a nossa existência obrigou-nos a reavaliar o que realmente importa. Este repensar de prioridades está a ter influência no valor que conferimos ao trabalho que fazemos, com cada vez mais pessoas a desejarem que o mesmo se assuma como uma fonte significativa de propósito nas suas vidas. Por seu turno, as empresas, e enredadas que estão numa teia complexa de novos desafios, têm mais em que pensar e podem estar a passar ao lado desta procura de sentido por parte dos seus trabalhadores. Ou seja, a noção do propósito individual sofreu alterações e isso poderá ter implicações no propósito organizacional, tema a que os líderes devem estar atentos sob pena de verem os seus talentos optar por organizações que lhes ofereçam aquilo que realmente precisam e desejam nestes tempos tão atípicos.

 

 

Se existem duas palavras que podem caracterizar a forma como muitas empresas têm lidado com a crise pandémica ao longo do último ano elas são, sem dúvida, sobrevivência e reinvenção. E nestes tempos perturbadores e surreais é mais do que compreensível – e acertado – que os líderes se concentrem nas prioridades empresariais mais urgentes em detrimento de considerações mais pessoais ou intangíveis que dizem respeito aos seus trabalhadores.

Todavia e por outro lado, os longos dias de isolamento a que todos temos estado sujeitos, vividos no meio da incerteza, do medo, do excesso de trabalho, do esbatimento de fronteiras entre o domínio pessoal e profissional e de uma forçosa adaptação a uma nova e estranha forma de vida acabaram também por ter um efeito transversal a muitos de nós: a forma como a Covid-19 alterou radicalmente a nossa existência obrigou-nos a repensar o que é realmente importante e essencial e o que não é. Ou seja, a noção do nosso propósito individual sofreu alterações e isso poderá ter implicações no propósito organizacional, tema a que os líderes devem estar atentos.

Mas uma outra questão impõe-se: quão importante é, para as empresas, "perderem tempo" com o que pensam os seus colaboradores relativamente ao seu "propósito na vida" numa altura em que estas estão preocupadas com o seu bem-estar, já para não falar na própria sobrevivência do negócio?

Na verdade, é mais importante do que se possa pensar. Em tempos de crise, o propósito individual pode traduzir-se numa bússola orientadora que ajuda as pessoas a enfrentar as incertezas e a mitigar os efeitos prejudiciais do stress a longo prazo. E é ponto assente que as pessoas que têm um forte sentido de propósito tendem a ser mais resistentes e mais propensas a uma melhor recuperação de eventos negativos.

 

Numa investigação realizada pela McKinsey em Junho de 2020, e ao comparar pessoas que dizem estar "a viver o seu propósito" no trabalho com aquelas que dizem não estar, concluiu-se que as primeiras relatam níveis de bem-estar que são cinco vezes superiores aos expressos pelas segundas. E, além disso, os respondentes do primeiro grupo demonstraram ter quatro vezes mais de probabilidades de relatar níveis de envolvimento mais elevados com a organização.

Como também já é sabido, o propósito individual também beneficia as organizações, assumindo-se como um contributo importante para a experiência dos trabalhadores, o qual, por sua vez, está ligado a níveis mais elevados de envolvimento, a um compromisso organizacional mais forte e a uma maior sensação de bem-estar. As pessoas que consideram o seu propósito individual alinhado com o trabalho que executam tendem a obter mais significado das suas funções, tornando-se mais produtivas e com maior probabilidade de superarem os seus pares.

Mas e de regresso aos tempos pandémicos, se é verdade que muitas empresas demonstraram ter uma maior consciência das prioridades das "suas" pessoas, tais como o seu bem-estar à luz da Covid-19, o imperativo de "dar" aos seus colaboradores o que estes realmente querem tornou-se mais urgente. A conclusão resulta de um estudo recente realizado pela McKinsey, exactamente sobre a importância do propósito individual, o qual concluiu que quase dois terços de mais de mil trabalhadores inquiridos [nos EUA] afirmaram que a COVID-19 os levou a reflectir sobre o seu propósito na vida e com cerca de metade a declarar que estão a reconsiderar o tipo de trabalho que fazem devido à pandemia. Por seu turno, os millennials – e comparativamente às demais gerações – foram três vezes mais "assertivos" no que respeita a esta necessidade de reavaliar o seu trabalho em tempo de pandemia.

Escusado será dizer que estes resultados, e mesmo que geograficamente "limitados", têm implicações para a estratégia de gestão de talento da empresa e para os seus resultados. Como já anteriormente referido, as pessoas que vivem o seu propósito no trabalho são mais produtivas do que as pessoas que não o fazem. São também mais saudáveis, mais resilientes e com maior probabilidade de permanecerem na empresa. Além disso, quando os empregados sentem que o seu propósito está alinhado com o propósito da organização, os benefícios expandem-se para incluir um maior envolvimento, maior lealdade, e uma maior vontade de recomendar a organização a outros.

No entanto, e como alerta a McKinsey, a maioria dos executivos seniores não está a dar a atenção devida ao propósito dos seus colaboradores neste momento particularmente crítico e confuso e na medida em que o tema é intensamente pessoal, potencialmente inacessível aos empregadores e, aparentemente, tão desconfortável de discutir quanto é de encorajar activamente.

Apesar de todos estes desafios, a pesquisa da McKinsey apurou que 70% dos trabalhadores inquiridos afirmaram que o seu sentido de propósito é definido pelo trabalho que fazem. Portanto, quer se queira quer não, os líderes empresariais desempenham um papel crucial em ajudar as suas pessoas a encontrar o seu propósito e a vivê-lo em consonância com o trabalho que fazem e do qual procuram retirar o maior significado possível. Mas qual é a melhor forma de o fazer?

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