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Investimento em inovação tem de ser contínuo
09/02/2024 16:00

A necessidade de manter o investimento em inovação, mesmo em tempos de desaceleração económica, foi amplamente defendida pelos vários intervenientes no debate da conferência de lançamento da segunda edição do Prémio Nacional de Inovação (PNI), uma iniciativa desenvolvida pelo Jornal de Negócios, BPI e Claranet, em parceria com a ANI - Agência Nacional de Inovação e a COTEC Portugal, como parceiros institucionais, e que conta com a Galp como patrocinador e a Nova SBE como knowledge partner.

Paulo Dimas, vice-presidente para a Inovação da Unbabel e líder do consórcio Center for Responsible AI, fez uma intervenção antes do debate em que explicou como a Inteligência Artificial (IA) promete transformar diversos setores económicos, impulsionando o crescimento e gerando oportunidades, mas também enfrenta desafios significativos, como o impacto no emprego e a necessidade de práticas responsáveis na sua implementação.

A IA é a nova eletricidade. Transformará todos os setores e criará um enorme valor económico, referiu Andrew Ng, referência em machine learning e IA, no início de 2017. Hoje, já se quantifica. A McKinsey, em junho do ano passado, projetava que, numa década, a geração de valor da IA generativa - sistemas de inteligência artificial que podem criar conteúdo novo e original, desde texto, imagens, música até código de software, aprendendo a partir de grandes conjuntos de dados - será 10 vezes o produto interno bruto nacional, com áreas de grande crescimento, a serem a banca, a indústria farmacêutica e produtos médicos e a educação. "Estamos cientes de que estamos perante uma grande transformação a nível de criação de valor ou crescimento económico", disse Dimas.

O que faz sentido é pensar em inteligência artificial como uma forma de atacar os grandes problemas da nossa civilização, como as alterações climáticas, ou recuperar mais rapidamente dos efeitos de uma pandemia. Paulo Dimas
Vice-presidente para a Inovação da Unbabel
Um recente estudo da Public First, encomendado pela Google, estima que ferramentas de IA generativa podem pôr Portugal na linha da frente tecnológica, com a economia portuguesa a poder crescer 15 mil milhões de euros à boleia da inteligência artificial. Paulo Dimas explora que, se por um lado estamos a desacelerar a nível de crescimento de produto, seja na Alemanha ou Portugal, "há aqui uma oportunidade transformadora única na história da tecnologia".

Parar não é opção

"Não há alternativa a inovar", disse de forma particularmente perentória Francisco Barbeira, administrador do BPI, no debate "Inovação em tempos de desaceleração económica - Parar não é opção". O executivo vai ainda mais longe dizendo que "ter inovação é ainda mais importante em alturas em que é preciso reduzir custos".

Desmistificando a ideia de que inovar é lançar um novo produto altamente disruptivo, Francisco Barbeira focou-se na ideia de que os processos de inovação podem estar centrados na melhoria de procedimentos, aumento da satisfação dos clientes ou trabalhar incrementalmente num modelo de negócio que já esteja em vigor. "Tudo isto é inovar. Quando falamos em inovação, não nos focamos apenas nos grandes saltos quânticos ou em disrupções de negócio."

Ao mesmo tempo, o administrador recusa a ideia de banalizar o ato da inovação, lançando para a plateia a questão de que "inovar também não é encontrar a pessoa certa, tipo professor Pardal, que trouxe uma grande ideia. Inovar é um processo: precisa de ferramentas, de know-how, de método, da definição de objetivos. É um processo que tem de estar treinado e com as pessoas certas para o fazer." Se isto é tudo verdade, sustenta Francisco Barbeira, não é num momento de maior dificuldade económica que "vou encontrar as pessoas certas para me ajudarem a entregar um serviço no meu mercado de uma forma diferente e mais barato". O executivo basicamente sustenta a ideia de que a inovação é, também, incremental.

Inovar de forma colaborativa

Ana Casaca, global head of innovation na Galp, executiva que lida há 20 anos com a inovação, admite que o orçamento para esta área nunca é considerado suficiente, independentemente do período económico que o país esteja a atravessar. Daí que enfatize a importância de tornar muito claro o objetivo da área de inovação num determinado tempo, setor e empresa, assim como tornar claro o processo de decisão dos grandes investimentos.

Naturalmente, diz Ana Casaca, em tempos em que o orçamento é um pouco mais curto, há a tendência natural para apoiar projetos nos quais o impacto a curto prazo seja maior. "O que é um grande risco já que, nas áreas de inovação, se a equipa ou empresa estiver a pensar apenas no curto prazo, não está a constituir o portefólio ou a sustentabilidade a médio/longo prazo, o que, naturalmente, traz uma maior competitividade". Algo particularmente importante se tivermos em conta que na área de inovação só "existimos se conseguirmos entregar valor agora", com Ana Casaca a apelar a uma maior seletividade na escolha dos projetos tendo em conta o valor acrescentado. A executiva lançou ainda a ideia de que esta é uma excelente altura para que todas as empresas trabalhem com parceiros externos. "Não vamos ter capacidade, nem de recursos humanos nem financeira para fazermos os projetos sozinhos, por isso esta é uma oportunidade para continuarmos a fazer este caminho, mas de forma colaborativa."

Investir a longo prazo é essencial

A Bial só existe porque há 30 anos resolveu apostar em investigação e desenvolvimento de forma consistente, esclarece António Portela, CEO desta empresa farmacêutica portuguesa que celebra este ano o seu centenário. Uma aposta materializada na comercialização de dois medicamentos que potenciaram a internacionalização da empresa trofense e a triplicação da sua faturação. "Passámos a vender medicamentos inovadores e patenteados no resto da Europa, Estados Unidos e Ásia. O que permitiu à organização ter dado um salto enorme foi esta contínua aposta na inovação." Convém salientar que na indústria farmacêutica os processos de desenvolvimento de produtos podem levar, em média, entre 10 e 12 anos. "Não nos podemos ainda esquecer que na indústria farmacêutica, em cada 15 a 20 mil compostos químicos que descobrimos, apenas um chega ao mercado. Ou seja, basicamente andamos a maioria do tempo a fazer coisas que não servem para nada, que vão acabar no lixo."

Neste contexto, conjugar esta realidade de investimento, persistência e resiliência - e altamente consumidora de recursos financeiros e humanos - é particularmente complicado, com António Portela a não ter dúvida de que o crescimento da Bial depende da capacidade de inovar e trazer novos medicamentos para o mercado. "Reduzir, parar ou travar é dar um tiro no pé" no futuro da empresa, esclareceu.

Na linha de pensamento de Ana Casaca, também António Portela acredita na promoção de um ambiente colaborativo, mesmo que isso implique "ceder direitos mais cedo", já que, por outro lado, permite trabalhar em mais projetos, "diversificando o risco do que estamos a fazer, visto que a probabilidade de um composto chegar ao mercado é muito pequena. Em tempos melhores ou piores temos de manter a inovação."

Compromisso é necessário

"Há sempre um compromisso que é necessário obter entre o longo e o curto prazo", garante António Miguel Ferreira, presidente e CEO da Claranet Portugal e fundador da Esotérica, uma pequena empresa que nasceu no Porto há quase 30 anos, pelas mãos de cinco sócios e se tornou no primeiro fornecedor de acesso à Internet em Portugal. "O curto prazo é relevante, os resultados trimestrais são essenciais, gerar caixa é fundamental e o EBITDA a crescer também. Mas, por vezes, temos de fazer concessões porque o amanhã é sempre mais importante do que o hoje, sobretudo se estivermos numa lógica de permanecer no mercado e não numa lógica puramente financeira de ‘daqui a cinco anos saímos e maximizamos’."

Para premiar uma cultura de inovação, a Claranet criou o Claranet Labs que promove internamente as boas ideias, colocando-as num processo que permite que floresçam. "Algumas dão fruto a curto prazo, outras a longo e outras morrem. Mas é importante manter esta cultura de inovação e capacidade de nos reinventarmos."

Das grandes empresas ao mundo das PME, ou do "mundo real", como lhe chamou Luís Miguel Ribeiro, vice-presidente da Confederação Empresarial de Portugal, a visão sobre a inovação ganha algumas nuances. Tendo noção de que a inovação tem de estar presente, as empresas de menor dimensão lutam, no entanto, com questões de sobrevivência e permanência no mercado, capacidade produtiva e competitividade.

"Não temos dúvidas de que se não formos inovadores e não criarmos valor acrescentado nos produtos que produzimos, as dificuldades vão ser muito maiores, mas para isso tem de haver um contexto que permita que as empresas consigam libertar alguns recursos para investir na inovação, em novas tecnologias, em novas formas de comercialização."

Luís Miguel Ribeiro sustentou que o contexto no qual vivemos penaliza, sobretudo ao nível fiscal, as empresas que necessitam crescer, para além de "custos de contextos altamente penalizadores".

O exemplo dado por Luís Miguel Ribeiro foi o PRR e as agendas mobilizadoras, instrumentos que permitiram a criação de consórcios e projetos, mas que, no seu entender, "foi estragado pela burocracia e incapacidade de se pôr em funcionamento, já que que a inovação tem timings". Janelas de oportunidade que, nas PME, não se coadunam com os prazos que empresas como a Bial podem sustentar.

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