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A inovação no centro da transição para as energias renováveis
01/03/2024 14:00

À medida que as economias recuperam da recente crise energética, os mercados parecem refletir, mais do que nunca, sobre os progressos da inevitável transição dos combustíveis fósseis para soluções com baixa ou zero emissões de carbono, baseadas em fontes renováveis. Em 2023 registou-se, segundo a McKinsey, um forte crescimento na construção de múltiplas tecnologias de baixo carbono para a produção e consumo de energia. Apesar das incertezas, incluindo picos de preços, volatilidade e segurança do abastecimento, a adoção de energia solar fotovoltaica, veículos elétricos e bombas de calor elétricas foi maior do que nunca, e a expansão da capacidade eólica em 2022 foi a terceira maior já registada (após 2020 e 2021), apesar dos desafios significativos na indústria, particularmente na energia eólica offshore.

A consultora prevê que cinco tecnologias "hipocarbónicas" sejam fundamentais para a transição energética: solar, eólica, veículos elétricos, bombas de calor e hidrogénio verde. "Estas pertencem a uma família mais alargada de tecnologias climáticas necessárias para uma descarbonização profunda de toda a economia", reflete a consultora no artigo "Global Energy Perspective 2023: Transition bottlenecks and unlocks", de janeiro deste ano passado. No entanto, para que estas tecnologias energéticas com baixo teor de carbono continuem a crescer, é necessário ultrapassar o que a consultora denominada como estrangulamentos. "Embora seja necessária uma ação concertada para resolver estes estrangulamentos, a trajetória de crescimento destas tecnologias pode oferecer grandes oportunidades de investimento e inovação - e ultrapassar os obstáculos ajudaria a manter a transição energética no bom caminho".

Na última década, a transição para o "zero líquido" ganhou impulso, com um aumento significativo nos compromissos governamentais e empresariais para a descarbonização. O Acordo de Paris foi adotado por 196 partes, representando 98% das emissões de gases com efeito de estufa (GEE), e mais de 80 países integraram objetivos de emissões líquidas nulas na legislação ou em documentos políticos. Segundo a McKinsey, mais de 700 empresas integraram objetivos de emissões líquidas nulas nas suas estratégias e os investimentos em baixo carbono aumentaram anualmente cerca de 20% desde 2013, atingindo 1,6 biliões de dólares em 2022.

No entanto, apesar destes progressos, os especialistas alertam para a necessidade de fazer mais para atingir os principais objetivos climáticos. Com a atual taxa de emissões globais, prevê-se que o orçamento de carbono necessário para uma trajetória de 1,5°C se esgote antes de 2030 e que as temperaturas aumentem 2,3°C até 2050 no cenário da trajetória atual. Investir na inovação e acelerar a adoção de tecnologias energéticas com baixo teor de carbono e reduzir as emissões é apontado pelos especialistas como uma prioridade fundamental para a transição energética.

Inovação numa lógica de harmonia e colaboração

A Galp garante que o alinhamento da inovação com os objetivos de sustentabilidade e responsabilidade corporativa é total. A transição energética e o cumprimento dos indicadores ESG "são um desafio não de uma empresa, mas de todos nós", disse ao Negócios, Ana Casaca, diretora de Inovação da Galp, e explica que trabalhar "de forma integrada, em equipa e com a inovação alinhada de forma transversal às diferentes unidades de negócio é a estratégia da empresa".

Ana Casaca garante que a empresa tem feito um caminho "muito sólido na sua transformação, no contexto da transição energética que está em curso", para responder ao desafio das alterações climáticas e aos compromissos de descarbonização da economia e da sociedade. "Estamos a cumprir esta jornada convictos de que a transição energética é também uma transição nas competências de que precisamos para sermos bem-sucedidos".

Isto só se consegue, no seu entender, se pensarem na inovação "numa lógica de harmonia e colaboração, quer para fora da Galp - em parceria com as comunidades, universidades, entidades reguladoras, parceiros e concorrentes -, quer internamente, com um alinhamento muito claro da inovação com as orientações macro da empresa e com objetivos de cada unidade de negócio".

A transição energética abre um espaço enorme para a tecnologia, para a inovação e para a disrupção fazerem a sua parte e tornarem possível o que muitos dizem ser difícil: uma transição justa, onde ninguém fica para trás. Ana Casaca
Diretora de Inovação da Galp
Para a diretora de inovação, os maiores desafios no setor da energia correm em paralelo com as maiores oportunidades: estão ambos intrinsecamente ligados aos objetivos de descarbonização da sociedade e da economia. "Sabemos que há metas muito ambiciosas e que só podem ser alcançadas com um forte compromisso do setor e com grande capacidade de investimento. Mas este desafio também abre um espaço enorme para a tecnologia, para a inovação e para a disrupção fazerem a sua parte e tornarem possível o que muitos dizem ser difícil: uma transição justa, onde ninguém fica para trás".

Há dois anos, a Agência Internacional de Energia enfatizava o facto de quase metade das tecnologias necessárias para descarbonizar e atingir as metas de Paris não tinham sido inventadas ou estavam ainda em desenvolvimento. "Mas de lá para cá, esse valor já caiu para 30%. Ou seja, há um caminho que está a ser feito, com resultados, fruto do investimento que o sector tem feito em inovação".

Sines vai ter investimento de 650 milhões

Para materializar esta postura, a Galp vai investir 650 milhões de euros na transformação de Sines, garantindo ser o maior investimento de sempre em Portugal na produção de hidrogénio verde e de biocombustíveis, e um dos maiores à escala europeia. "Este investimento da Galp responde às necessidades da sociedade portuguesa na sua jornada de descarbonização. As previsões são sempre um exercício arriscado, mas é seguro dizer-se que o hidrogénio verde será uma parte incontornável da nova matriz energética global de baixo carbono e, por consequência, da nossa vida quotidiana", comentou Ana Casaca.

A unidade de biocombustíveis - produtora de diesel renovável e combustível sustentável para a aviação - permitirá, no seu entender, acelerar a descarbonização de setores como aviação e transporte rodoviário, com uma redução significativa de emissões. "Estamos também a posicionar-nos na cadeia de valor das baterias, que será crucial para a questão do armazenamento de energia. Pretendemos investir nesta área cerca de 700 milhões em parceria com a empresa sueca Northvolt, o que permitirá a produção anual de baterias equivalente a 50 GWh (suficiente para 700 mil veículos elétricos)".

A energética reclama a liderança em soluções de mobilidade elétrica em Portugal, com cerca de cinco mil pontos de carregamento operacionais, e ambiciona chegar a 2025 com 10 mil pontos de carregamento na Península Ibérica. Paralelamente, tem "projetos como a startup Daloop, a desenvolver soluções de mobilidade sustentável em mercados externos como os Estados Unidos".

Na área da inovação, a Galp defende uma estratégia de longo prazo que passou em parte pela aposta na criação de pontes com o ecossistema de start-ups. "Porque entendemos que ao trabalhar com start-ups conseguimos trazer para a Galp competências, conhecimento e tecnologias que permitirão traçar o caminho a que nos propomos".

O lançamento da Upcoming Energies, em 2021, foi um exemplo dessa estratégia. A Upcoming Energies é uma plataforma que pretende envolver a comunidade - nomeadamente a comunidade de inovação, de startup e scaleup, a academia e outras entidades - na cocriação de soluções que respondam ao desafio de descarbonizar o mundo até 2050. "O que propomos é fomentar o talento e a criatividade, colocando-os ao serviço da tecnologia para desenhar o futuro". Nestes dois anos, foram feitos mais de mais 55 pilotos com startups para testar tecnologias das mais diversas áreas, desde baterias de segunda vida à massificação de carregamento elétrico ou de captura e utilização de carbono à agrivoltaicos. "Estamos a trabalhar com mais de 100 universidades e institutos de investigação e desenvolvimento e temos mais de 1000 docentes e investigadores a serem apoiados através dos projetos de I&D que estamos a desenvolver em estrita parceria", comentou Ana Casaca.

Portugal aproveita 3,1 mil milhões de euros de financiamento europeu

Portugal tem assumido compromissos ambiciosos a nível nacional e europeu, com o objetivo de alcançar a neutralidade carbónica até 2050, conforme delineado no Roteiro para a Neutralidade Carbónica e alinhado com o Pacto Ecológico Europeu. De acordo com o programa Sustentável 2030, Portugal vai investir mais de 3,1 mil milhões de euros, de financiamento europeu, na transição energética e climática, tendo como prioridades a sustentabilidade e a transição e adaptação climáticas, a mobilidade urbana sustentável e as redes de transporte ferroviário e infraestruturas portuárias. "Os investimentos que serão feitos através do programa são fundamentais para se cumprir o objetivo da neutralidade carbónica em 2050", disse Helena Azevedo, presidente da comissão diretiva do "Sustentável 2030", em comunicado.

Candidaturas abertas As candidaturas ao Prémio Nacional de Inovação estão divididas em dois grupos de categorias: Tecnologias, relacionado com a temática da inovação, seja nos processos, tecnologias, ou noutros âmbitos de atuação das empresas e Segmento de Negócio, relacionado com o setor de atividade da organização.

Além dos prémios atribuídos em cada uma das categorias, serão ainda entregues quatro prémios - três por dimensão da organização (Grande Organização, PME e Startup) e o Prémio Personalidade.

O Prémio Nacional de Inovação é uma iniciativa promovida pelo Jornal de Negócios, BPI e Claranet, que conta a Galp como patrocinadora, a ANI - Agência Nacional de Inovação e a COTEC Portugal como parceiros institucionais, e a Nova SBE como knowledge partner.

Mais informações em premionacionaldeinovação.pt

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