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"Portugal, a Europa e o mundo têm uma oportunidade única"
05-03-2024 10:12

A descarbonização da economia e a transição energética não são mais miragens, mas uma realidade que já é hoje palpável. Em janeiro, Portugal conseguiu assegurar que 81% da sua energia tivesse origem em fontes renováveis – um sinal positivo para o caminho que ainda falta percorrer até 2026, quando é suposto que o país garanta 80% da produção energética com fontes hídricas, solares ou eólicas de forma consistente. Encontrar soluções e definir estratégias para cumprir as metas rumo à neutralidade carbónica é a ambição do evento internacional EDP Business Summit 2024, que regressa a Lisboa no dia 7 de março, de forma digital para todo o mundo, com um programa que contará com oradores reconhecidos nacionais e internacionais. Em antecipação, o Jornal de Negócios falou com Vera Pinto Pereira, administradora executiva da EDP, sobre os desafios da transição energética.





A EDP definiu 2040 como prazo para se tornar neutra em carbono. Que desafios é preciso ultrapassar até lá chegar?

Portugal, a Europa e o mundo têm uma oportunidade única de se moverem para procurarem controlar os impactos alarmantes das alterações climáticas. Nesta frente, o tipo de fontes de energia que utilizamos diariamente é crítica. Não podemos continuar a usar combustíveis fósseis como até agora e temos de os substituir urgentemente pelas fontes renováveis, inesgotáveis e sem emissões de carbono. Mas para além de mitigar as alterações climáticas, a transição energética para recursos sustentáveis apresenta uma série de oportunidades para as economias, empresas e famílias.



Quais são essas oportunidades?

Começo pelas financeiras. É inquestionável que a maior penetração de eletricidade renovável vai fazer baixar os custos para os clientes, à medida que deixamos de importar combustíveis fósseis e passamos a usar eletricidade renovável e produzida localmente. Adicionalmente, a União Europeia estima que serão criados cerca de 30 milhões de empregos na Europa dentro desta indústria, com potencial para criação de cadeias de abastecimento em países como Portugal, que tem sabido ser pioneiro neste setor.



Vera Pinto Pereira, administradora executiva da EDP, lembra que "fomos o primeiro país a comprometer-se com a neutralidade carbónica em 2050"



É preciso um grande investimento para lá chegar?

Na EDP, encaramos esta década como decisiva. Sabemos que temos de dar o exemplo e foi por isso que nos comprometemos a investir 25 mil milhões de euros na transição energética até 2026, duplicando a capacidade renovável que teremos instalada e investindo em energia eólica, solar, armazenamento desta energia e em tecnologias emergentes como o hidrogénio verde. Ao mesmo tempo, estamos a encerrar as centrais onde produzíamos eletricidade a partir de carvão – em Portugal, fizemo-lo no início de 2021 – e, no final da década, queremos ser 100% verdes, utilizando apenas a água, o sol e o vento para produzir a eletricidade que geramos nas quatro regiões mundiais em que nos encontramos. Como desafios, elencaria a necessidade de acelerar o passo e de trabalhamos em parceria – empresas, entidades públicas e privadas e clientes – para podermos alcançar os ambiciosos objetivos de descarbonização.



Transição energética vai permitir em Portugal a criação de 300 mil empregos até 2025, segundo dados da McKinsey.




Portugal antecipou para 2026 o objetivo de ter pelo menos 80% da energia produzida com origem em renováveis. Como damos o salto para os 100%?

O objetivo é ambicioso, mas parece-nos possível. Só em janeiro, essa meta já foi atingida, com 81% da produção a ter origem renovável. Sabemos que foi um mês muito positivo, com bastante chuva, que permitiu aumentar a produção hídrica e que, apesar de ter havido pouco vento para produzir energia eólica, num dos dias de janeiro bateu-se mesmo o recorde de produção eólica em Portugal. Para que taxas de produção renovável se possam manter nestes níveis, e porque sabemos que nem sempre haverá chuva ou vento abundante, Portugal tem de acelerar o desenvolvimento de projetos renováveis.



E é possível fazê-lo enquanto se reduz custos?

Há uma enorme oportunidade na Península Ibérica de aproveitamento dos cerca de 300 dias de sol por ano para gerar energia. Existem milhares de empresas com telhados ou terrenos disponíveis, que podem ser aproveitados para aumentar a capacidade renovável do país e, simultaneamente, reduzir os custos de eletricidade para entidades em regime de autoconsumo em mais de 25%. E, por último, é preciso investir em soluções de armazenamento desta energia.



As fontes renováveis são cruciais para a reindustrialização da Europa e do país. Tendo em conta as características naturais do país e os recursos de que dispõe, pode Portugal afirmar-se na UE por via da energia?

Portugal tem sabido ser pioneiro neste setor e acredito que tem todas as condições para continuar a fazer parte da liderança europeia. Fomos o primeiro país a comprometer-se com a neutralidade carbónica em 2050 e até já acelerámos essa meta para 2045. Há mais de 20 anos, a EDP apostou na energia eólica em Portugal, fazendo do país um dos líderes europeus no avanço inicial desta tecnologia. Há cerca de 10 anos, a EDP testou a resistência de uma turbina eólica flutuante ao largo da Póvoa do Varzim e, anos mais tarde, instalou em Viana do Castelo o primeiro parque semissubmerssível da costa europeia, um projeto que ainda hoje é usado como projeto-bandeira a nível mundial.



Essa mudança vai produzir resultados no emprego?

Se, por um lado, haverá setores ligados à indústria fóssil potencialmente afetados pela transição energética, o mercado de trabalho vai sentir transformações com a criação de um grande número de novos empregos e de formações especializadas. Em Portugal, as estimativas da McKinsey apontam para a criação de 300 mil novos empregos já no curto prazo, nomeadamente nos setores da produção energética, transportes, edifícios, indústria, agricultura, resíduos e floresta, sem deixar de parte a requalificação e a formação profissionais. É uma oportunidade que devemos saber aproveitar.


Portugal tem sabido ser pioneiro neste setor e acredito que tem todas as condições para continuar a fazer parte da liderança europeia VERA PINTO PEREIRA, administradora executiva da EDP


A produção descentralizada de energia e as comunidades de energia ganham cada vez mais importância neste caminho. Ainda há desafios na implementação destes projetos, nomeadamente ao nível do licenciamento?

Apesar de continuarmos a sentir que o desenvolvimento e a implementação destas comunidades poderiam ser mais céleres, dado o potencial do país e a procura por empresas e famílias, é importante notar que, nos últimos meses, temos sentido que os processos começam finalmente a ter alguma rapidez e que poderemos, no curto a médio prazo, estar a pôr em operação e a partilhar benefícios destas comunidades com os milhares de clientes que quiseram fazer parte destes projetos. As comunidades de energia são um verdadeiro exemplo daquilo que a EDP defende como uma transição energética justa – através do uso da inesgotável energia do sol, é possível aumentar a produção de energia renovável, tornar os nossos consumos mais sustentáveis, reduzir o custo com eletricidade e partilhar estes benefícios com as famílias ou empresas que não têm espaço disponível para terem os seus próprios painéis solares. Ao instalarmos uma central maior num determinado cliente, a que chamamos de produtor, conseguimos produzir energia superior às suas necessidades e partilhá-la com empresas ou famílias vizinhas, criando aquilo que chamamos de Bairro Solar EDP. As mais de 2.600 comunidades que já temos contratadas ou em desenvolvimento permitirão partilhar benefícios com cerca de 40 mil vizinhos, sendo este um projeto de que nos orgulhamos e que representa na perfeição vários dos benefícios da transição para fontes mais limpas de energia.



A EDP tem um vasto histórico na celebração de contratos de energia de longo prazo, nomeadamente com multinacionais como a Google ou a Amazon. Que benefícios representam estes contratos para empresas que estejam a fazer o seu percurso na transição energética?

Uma das medidas mais completas em termos económicos, ambientais e de melhoria de critérios ESG são os Contratos de Aquisição de Energia [Power Purchase Agreement, em inglês] que as empresas podem celebrar com produtores e comercializadores de energia. Nestes contratos, que têm uma duração variável, mas que tipicamente são superiores a cinco anos e podem mesmo ser de 20, é garantido um preço fixo ao cliente pela energia que for contratualizada, reduzindo a sua exposição à volatilidade do mercado. Esta opção acaba também por reduzir significativamente a pegada de carbono e o impacto ambiental de uma empresa, em particular das que têm uma grande necessidade energética nos seus sistemas de produção. Para a EDP, a contratação a longo prazo permite-nos continuar a desenvolver projetos renováveis com a garantia de estabilidade e o nosso histórico, com cerca de 9 GW de energia contratada a longo prazo, comprova o sucesso destes contratos.



Quais são os setores de atividade prioritários na estratégia de contratos de longo prazo?

Há racional de contratação a longo prazo para vários tipos de clientes, mas os que mais podem beneficiar deste tipo de contratos são aqueles que têm grandes necessidades energéticas, como é o caso de algumas indústrias. A EDP Comercial fechou um contrato de longo prazo com a AAPICO, para o fornecimento de energia a 18 anos, com benefícios significativos para este cliente. Há também cada vez mais procura por outro tipo de clientes, como gestoras de data centers como é o caso da Amazon ou Microsoft, que têm escolhido a EDP Renováveis para fornecimento de energia a longo prazo. Mas a EDP tem celebrado cada vez mais contratos a médio prazo com pequenas e médias empresas, garantindo- -lhes estabilidade de preços e previsibilidade de custos com energia para esse período. Só em 2023, celebrámos contratos para cerca de 1 TWh/ano de energia na Península Ibérica.

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