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Sob o desígnio da sustentabilidade
23-05-2024 12:05

Olhando para a história da humanidade, as inovações técnicas e tecnológicas, mesmo as mais abrangentes e disruptivas, trouxeram enormes desafios de adaptação e mitigação, tanto para a Natureza como para a própria Humanidade, em que ambas conseguiram encontrar um caminho evolutivo. O conhecimento científico assim confirma, mas convém ter em mente que olhar para o passado, mesmo que esse passado não seja muito distante, torna-se rapidamente num exercício de enorme abstração, em que se minimizam os custos e impactos dramáticos que essas transformações produziram. Muitos povos, mesmo sofisticados e aparentemente bem preparados, muitas espécies animais, vegetais e marinhas, simplesmente sucumbiram e desapareceram no caminho.

Pelo que se conhece, o quadro das alterações climáticas é o resultado acelerado da excessiva concentração, no tempo, do consumo de recursos. A natureza também se adapta e responde, mas a ponto de tornar a vida da humanidade com menos qualidade, atingindo patamares de pouca probabilidade de sobrevivência, refletindo também a enorme desigualdade geográfica que se adivinha.

Não se está longe da verdade ao se afirmar que todas as pessoas estão conscientes da situação, mas nem todos têm os mesmos incentivos alinhados para a mudança, a tempo de situações irreversíveis. Por isso, é imperativo que os Estados apliquem a sua força regulamentar, e quanto maiores os alinhamentos internacionais, mais eficaz será essa força.

 


A nível Europeu, os diversos regulamentos na esfera das entidades financiadoras, como são os bancos comerciais, convergem na pressão de dirigir os financiamentos que suportam para atividades "verdes" ou sustentáveis, ao mesmo tempo que desincentivam projetos "castanhos", conforme critérios definidos pela Taxonomia Europeia. Quando não existem alternativas, como é o caso da produção do cimento e as consequentes emissões de gases de efeito estufa, essas atividades devem evoluir para, pelo menos, patamares de eficiência melhores.

 

As preocupações ambientais são complementadas com preocupações a nível de pessoas e de governo das próprias empresas, tornando o quadro de sustentabilidade mais completo, e que se designa ESG, siglas cada vez mais conhecidas internacionalmente.

 

"Os bancos, mesmo sem estas obrigações, têm interesse em escrutinar os financiamentos sob alguns ângulos, porque devem projetar a capacidade de serem reembolsados no futuro", explica Pedro Miranda, diretor-geral da SIBS Processos, acrescentado que por força de um quadro de consequências climáticas já sentidas "projetar no futuro essa capacidade de reembolso é cada vez mais desafiante e, passa pela designada aferição dos riscos físicos dos projetos". Não é sustentável pedir financiamento para atividades de turismo, que envolvem maturidades e necessidades de capital muito significativos, em zonas que hoje são muito agradáveis, mas se projetam a cinco, dez ou mais anos tornarem-se inóspitas e difíceis de suportar pelos aumentos de temperatura, ou sujeitas a fenómenos extremos, que fará com que a procura dos turistas desapareça, ou se reduza de forma, que seja fatal para o projeto. "Já agora importa referir que Portugal, que se pretende afirmar nesta área do turismo, também é um dos países Europeus mais expostos às consequências das alterações climáticas", recorda o responsável da SIBS.

 

Os bancos para poderem exercer esta tarefa de análise, precisam de muito mais informações, das próprias empresas e de entidades que canalizam conhecimento técnico, para poderem projetar a capacidade de retorno dos financiamentos que são chamados a emitir. Desenha-se um quadro em que "as empresas necessitam de suportar os seus projetos e atividade, com essas informações ESG mais vastas e de profundidade". Os bancos, para processarem essas informações ESG que acrescem às restantes atuais mais focadas do ponto de vista económico e financeiro, tornam credíveis as projeções de negócio e garantam um "business case" positivo.

 

Uma boa notícia para as instituições financiadoras é que "vão ter novas e crescentes oportunidades, porque o capital necessário para financiar projetos ligados à transição é enorme, seja na transformação de processos produtivos com novas tecnologias de baixo carbono, por exemplo, seja nas próprias tecnologias de suporte à transição que ainda não existem", afirma Pedro Miranda. O FMI estima o um esforço anual até 4,5% do PIB mundial. Esta realidade de oportunidades também incentiva os bancos comerciais a estimularem os seus clientes ou potenciais clientes a enfrentarem a necessária transição.

"As instituições financeiras vão ter novas e crescentes oportunidades, porque o capital necessário para financiar projetos ligados à transição é enorme." Pedro Miranda, diretor-geral da SIBS Processos

As instituições financeiras não estão sozinhas nesta tarefa de estimular a transição das empresas, até porque as próprias empresas também vão ver as suas obrigações de consciência, reporte e de atuação em crescendo. "Em primeiro lugar, as empresas de maior dimensão, suportadas na regulação CSRD e normas complementares. Depois as PME, de forma direta por regulação, e indireta, por pressão das suas clientes, potencialmente as empresas de maior dimensão. Em Portugal, as empresas exportadoras sabem bem dessa realidade porque são fornecedoras de importantes empresas internacionais europeias. Essas obrigações vão ajudar a que as necessidades das instituições financeiras, tanto as regulamentares como objetivos de negócio, sejam cumpridas", refere o responsável da SIBS.

 

O tempo presente é o momento de as empresas desenvolverem as suas atividades de consciência do seu estado ESG, e se perfilarem como aproveitadoras das oportunidades, ou endereçarem necessidades de adaptação e mitigação aos novos desafios ESG. E haverá as outras, que não o fazendo, correm sérios riscos de sobrevivência que poucos se vão recordar no futuro.


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