ÚLTIMAS NO NEGÓCIOS.PT

UE investe forte em novos acordos comerciais na era Trump
20/03/2025 09:30

Desde que Donald Trump foi reeleito Presidente dos Estados Unidos, a União Europeia (UE) assinou, pelo menos, cinco novos acordos comerciais de peso, com destaque para o Mercosul, cujas negociações se arrastaram durante décadas. O "timing" desses acordos não é indiferente à conjuntura: faz parte da estratégia da UE para diversificar mercados numa altura de menor cooperação com o parceiro do outro lado do Atlântico.

Em Bruxelas, não há dúvidas de que o regresso de Donald Trump à Casa Branca trouxe uma "nova era no comércio mundial", onde a cooperação multilateral se opõe às tarifas e ao protecionismo. A aposta da UE, neste contexto de fragmentação da economia mundial, está, por isso, em "expandir" a rede de acordos comerciais com outros países, conforme disse o comissário europeu Maroš Šefcovic, que tem a pasta do Comércio, no Parlamento Europeu em fevereiro. E, em termos de incerteza, os ventos sopram a favor da UE.

Com perto de 45 acordos comerciais preferenciais com 76 países em todo o mundo e um mercado de mais de 500 milhões de consumidores, a UE é um parceiro estratégico para muitos países que procuram "continuidade, estabilidade e previsibilidade nos seus parceiros comerciais", destaca a Comissão Europeia. Mas a vaga protecionista dos Estados Unidos – o maior parceiro comercial da UE – ameaça fazer mossa nas exportações europeias e, por isso, a assinatura de novos acordos comerciais tornou-se com jogo "win-win".

45Acordos
Número aproximado de acordos comerciais preferenciais que a União Europeia tem como 76 países em todo o mundo. Número aumentou desde a reeleição de Donald Trump.

O Mercosul é o exemplo mais paradigmático da forma como a UE está a investir – "a todo o vapor", como refere Maroš Šefcovic – em novos mercados para as suas exportações. O acordo foi fechado um mês depois da vitória eleitoral de Donald Trump e, nos corredores de Bruxelas, fala-se que terá sido o regresso do republicano, com uma agenda ainda mais protecionista do que no primeiro mandato, que terá dado o impulso decisivo para a conclusão das negociações, que se iniciaram ainda na década de 1990.

Formalmente, a UE e os países do Mercosul tinham chegado a um acordo de princípio em 2019. Todavia, desde então, o processo esteve praticamente esquecido. Na assinatura do acordo em dezembro, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sublinhou que "esta nova parceria surge num momento crucial para a Europa". "O panorama mundial tornou-se mais fragmentado e conflituoso. Para superar estes desafios, temos de estabelecer laços mais fortes com parceiros que partilham os mesmos valores", frisou.

Foi o primeiro grande passo numa série de outros importantes acordos comerciais que se seguiram, embora não tenha escapado a um coro de críticas dos agricultores europeus. O Presidente francês, Emmanuel Macron, liderou a oposição na UE a este acordo, mas a forte crise política interna francesa e o reconhecimento da necessidade de diversificar mercados permitiu à UE avançar com aquele que é o maior acordo comercial do mundo. O acordo abrange o equivalente a 25% da economia global e 780 milhões de consumidores.

Com menos contestação, a UE fechou também outras importantes parcerias comerciais ainda antes de Donald Trump tomar posse. Foi o caso do reforço do acordo de parceira da UE-Suíça, assinado duas semanas após o acordo com o Mercosul e classificado por Ursula von der Leyen de "histórico", e da modernização do acordo comercial UE-México, um dia antes de Donald Trump ser empossado.

Desde então, a UE assinou outros dois importantes acordos com a Coreia do Sul e Singapura, no que toca ao comércio digital. Pelo meio, foram relançadas ainda as negociações para um acordo de comércio livre UE-Malásia e iniciadas conversações preliminares com vista a novos acordos com a África do Sul e a Austrália.

"A" parceria do século

A economia europeia é uma das mais abertas do mundo, com as trocas comerciais a pesarem 45% no PIB da UE, e a Comissão Europeia não esconde a intenção de aprofundar laços comerciais noutras partes do globo. Segundo o comissário europeu Maroš Šefcovic, "o comércio não só proporciona às empresas novas oportunidades de exportação, como também garante o acesso a 'inputs' essenciais para a economia europeia". Aliás, cerca de dois terços dos 'inputs' para a produção são provenientes de fora da UE.

A UE está à procura de novas "parcerias mutuamente benéficas, centradas na estabilidade, justiça e sustentabilidade" e Maroš Šefcovic tem dito abertamente que a Índia, Indonésia, Tailândia, Filipinas e os países do Golfo são alguns das geografias com as quais quer aprofundar relações.

"Em tempos difíceis surgem grandes oportunidades. Acredito que esta versão moderna da competição entre grandes potências é uma oportunidade para a Europa e a Índia repensarem a sua parceria."Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.

O mercado indiano é, todavia, aquele que mais interesse desperta. Numa visita ao país no final de fevereiro, Von der Leyen sublinhou que a UE e a Índia têm potencial para desenvolver "uma das parcerias definidoras deste século". Em causa está um mercado de cerca de 1,5 milhões de consumidores, que está em rápido crescimento, e que pode ajudar a UE a diversificar algumas das cadeias de valor mais críticas. É o caso das baterias, produtos farmacêuticos, semicondutores e hidrogénio.

Num "mundo onde as grandes potências estão a afastar-se ou mesmo a romper as costuras do sistema internacional", Von der Leyen assumiu querer levar a parceria com a Índia para "o próximo nível" e acredita que 2025 possa ser "uma janela de oportunidade histórica" para um acordo comercial alargado. "Em tempos difíceis surgem grandes oportunidades", destacou. "Acredito que esta versão moderna da competição entre grandes potências é uma oportunidade para a Europa e a Índia repensarem a sua parceria".

CRONOLOGIA
Aposta em novas alianças

Desde a reeleição de Trump, a União Europeia tem estado empenhada em encontrar novos parceiros comerciais, para compensar o arrefecimento das relações com Washington. Ursula von der Leyen reconhece que "os tempos são difíceis", mas adianta que, com eles, vêm "novas oportunidades", incluindo de parcerias comerciais. O acordo com o Mercosul foi uma das novas apostas europeias, mas há outros países com os quais a UE quer aprofundar relações, nomeadamente a Índia.

Arraste a barra "scroll" para ver o gráfico completo

Trump diz que tarifas vão ser fixadas nas próximas semanas após Bessent falar em prolongar pausa
11/06/2025 23:54

BPCE à frente do CaixaBank para evitar Novo Banco espanhol
11/06/2025 23:30

Trump aceita pedido de desculpa de Musk e retira ameaça de cancelar contratos
11/06/2025 22:26

Metro de Lisboa anuncia fecho na 5.ª feira às 20:00 devido a plenário e critica sindicatos
11/06/2025 22:22

BCE quer que euro digital impeça dólar de crescer com as cripto
11/06/2025 21:40

"Sell off" tecnológico deixa Wall Street no vermelho. Inflação e acordo comercial não impressionam
11/06/2025 21:14

Novo Banco? "Uma carteira de crédito a empresas interessa-nos"
11/06/2025 20:17

Americanos cortam viagens para Europa devido a tarifas
11/06/2025 19:19

Costa saúda acordo "histórico" entre União Europeia e Reino Unido sobre Gibraltar
11/06/2025 19:04

Após inflação abaixo do esperado, Trump pede novamente corte das taxas de juro
11/06/2025 18:09

Cotadas do PSI inalteradas na revisão trimestral da Euronext
11/06/2025 17:34

Tribunal manda julgar Sócrates por branqueamento de capitais
11/06/2025 17:11

Inquilinos pedem registo e fiscalização para o mercado de arrendamento
11/06/2025 17:02

PSI segue perdas europeias. CTT e Sonae pressionam índice
11/06/2025 16:46

BPCE lidera a corrida ao Novo Banco, avança a Bloomberg
11/06/2025 15:28

Investimento em soluções baseadas na natureza para a água duplicou em dez anos
11/06/2025 14:41

"Febre do ouro" leva metal a ultrapassar o euro nas reservas mundiais
11/06/2025 14:29

Mandato do grupo de trabalho para expansão do aeroporto alargado até 31 de julho
11/06/2025 14:27

Instaladores querem prolongamento do IVA a 6% para ar condicionado
11/06/2025 13:57

Inflação nos EUA acelera ligeiramente em maio, abaixo das expectativas dos analistas
11/06/2025 13:50

Ajuda

Pesquisa de títulos

Fale Connosco

VerSign Secure

Por favor leia o Acordo de Utilização e política de cookies :: Copyright © BiG :: Versão 3.0 :: Todos os direitos reservados :: bigonline é uma marca registada do BiG.
O Banco de Investimento Global S.A. é uma instituição registada no Banco de Portugal sob o nº61, e na CMVM autorizada a prestar serviços de investimento constantes
do nº 1 do Artigo 290 do CVM.
Para qualquer informação adicional, contacte-nos via internet ou pelos telefones 21 330 53 72/9 (Chamada para a rede fixa nacional.
O custo das comunicações depende do tarifário que tiver acordado com o seu operador de telecomunicações).