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Vender ovos quase na Mongólia? "Há dez anos diria: são doidos"
14/05/2025 13:30

Aos 150 anos, o Grupo Valouro não tem uma meta, um mercado ou um número que deseje alcançar - ou, pelo menos, José António e António José dos Santos não a revelam. "Quando a gente quer estar, estamos. Se tivermos uma ambição estaremos lá. Quer melhor resposta do que esta?", diz o empresário conhecido como Rei dos Frangos. "Se me dissessem há dez anos que nós íamos pôr ovos quase na Mongólia, dizia-lhes: são doidos. Estamos lá há quatro ou cinco anos", atira, de seguida.

O maior grupo avícola português e um dos maiores da Europa produz "um milhão de frangos por semana", mas mais do dobro em ovos de galinha para incubação, o produto-estrela além-fronteiras: "Na exportação estamos em tudo, vendendo para a Europa e Médio Oriente e um bocadinho de Ásia", mas os ovos pesam 90%". 

O principal mercado é a Rússia, pesando "mais ou menos 15%", não saindo abalado com o estalar da guerra na Ucrânia, com a invasão russa em 2022, com a Valouro a exportar ovos para incubação "sem qualquer limitação", atendendo a que os produtos alimentares ficaram de fora das sanções do Ocidente a Moscovo. "Não temos, nem nunca tivemos, problema nenhum" na sequência do conflito, garante José António dos Santos.

O top 3 a completa-se com outros destinos "pouco prováveis" como Afeganistão e Cazaquistão que "têm dificuldades em fazer o ovo para incubar", até por causa do clima, e "sai-lhes mais barato comprar o ovo na Península Ibérica e fazer lá depois o pinto e a engorda dos frangos, até porque depois têm as matérias-primas, como milho, trigo ou soja", explica.

À América não chegam, mas também não têm ambições de lá chegar, com os Estados Unidos a aparecerem no mapa só quando chega a hora de rumarem a uma das maiores feiras avícolas do mundo. "Eles têm lá tudo", responde, pronto, António José, referindo-se a todo o continente.

E, neste sentido, o Grupo Valouro, que detém a Avibom, passa um pouco "ao lado" da guerra comercial, em concreto, às tarifas impostas pelos Estados Unidos, já que as suas importações são limitadas e circunscritas ao milho. E o mesmo sucedeu com a chamada crise dos ovos, já que não vende para consumo, mas apenas para incubar, ou seja, não abastece supermercados, mas antes indústrias. "É ovo, mas é outro ovo", brinca António José, sem resposta para a pergunta sobre se foi a galinha ou o ovo que nasceu primeiro. "Também já me tenho feito essa pergunta",

Apesar de partilhar a liderança do grupo com o irmão gémeo, António José garante que não se sente discriminado por não lhe chamarem pelo "título" de Rei dos Frangos, dado a José António e ao qual ele diz "não ligar nenhuma", antes pelo contrário: "Quanto maior for o Rei dos Frangos, mais eu vendo, porque estou nas rações".