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Preços disparam com restrições à energia de Espanha. EDP entre as beneficiadas
15/05/2025 09:18
A decisão da REN de restringir temporariamente as importações de eletricidade de Espanha, na sequência do apagão ibérico de 28 de abril, provocou um impacto inesperado no mercado elétrico. A medida, tomada por precaução, resultou num aumento acentuado dos preços grossistas em Portugal, que chegaram a ser quase cinco vezes superiores aos praticados em Espanha no pico de 6 de maio.
Segundo a agência DBRS Morningstar, entre 1 e 10 de maio, o preço médio diário em Portugal situou-se nos 30,24 euros por megawatt-hora (MWh), enquanto em Espanha foi de apenas 13,56€/MWh. A habitual integração do mercado ibérico foi assim interrompida, criando um cenário favorável a produtores com capacidade de geração flexível, como a EDP.
Com 73% da sua capacidade hidroelétrica localizada em território português, a EDP, classificada com rating "BBB" e tendência estável pela DBRS, beneficiou da procura acrescida por eletricidade gerada internamente. As centrais hidroelétricas da empresa representam cerca de 60% da capacidade total do país e foram essenciais para colmatar a redução nas importações. A produção hidroelétrica média diária disparou para 56 GWh entre 29 de abril e 12 de maio, um aumento de 172% face à média dos cinco meses de maio anteriores.
Também a geração a gás aumentou de 10 GWh para 19 GWh por dia, contribuindo para o abastecimento interno, ainda que com menor impacto face à energia hídrica.
Apesar da gradual normalização das importações – com um limite de 1000 MW até 12 de maio e aumento para 2200 MW fora das horas de luz a partir do dia 12 –, a volatilidade recente reforça o valor estratégico de soluções de produção flexível. Para além de permitirem responder a picos de procura, as centrais hidroelétricas têm a vantagem de baixos custos marginais e capacidade de arranque rápido, podendo inclusive prestar serviços críticos em caso de apagões.
Neste contexto, a DBRS aponta que empresas como a EDP ou a Iberdrola, com presença relevante no setor hidroelétrico português, estão bem posicionadas para beneficiar não só de preços mais altos no mercado, mas também de eventuais contratos especializados ligados à resiliência da rede elétrica.
"Num curto espaço de tempo, tanto a divergência de preços como a necessidade de geração flexível, como a hidroelétrica ou a proveniente de centrais a gás, não deverão ter um impacto excessivo nos produtores de eletricidade da região", afirmou Amaury Baudouin, vice-presidente sénior da área de Ratings Corporativos Europeus, Indústrias Diversificadas e Energia da DBRS Morningstar, numa nota a que o Negócios teve acesso.
"No entanto, num horizonte mais alargado, a volatilidade dos preços e as quebras de volume causadas pela redução das importações podem beneficiar alguns produtores, em particular aqueles com grande capacidade de geração flexível", conclui.
