ÚLTIMAS NO NEGÓCIOS.PT

Das férias aos investimentos, os impactos de um dólar fraco
15/06/2025 14:00

Depois de um início de ano em que o índice do dólar ainda chegou a alcançar máximos de dois anos, uma tempestade perfeita tem atirado a "nota verde" ao chão. Quase tudo foi gerado pelas tarifas: a volatilidade nos mercados financeiros, dados que denotam maior fraqueza da economia norte-americana e as expectativas em torno dos cortes de juros da Reserva Federal (Fed) - sob pressão e críticas do Presidente dos EUA, Donald Trump.O "dia da libertação" desencadeou uma "sincronia notável e sem precedentes nos mercados, levando os investidores a venderem simultaneamente o dólar, as ações norte-americanas e os títulos do Tesouro", como explica Matthew Ryan, líder da estratégia de mercado da Ebury.O índice do dólar americano, que mede a divisa norte-americana em relação a um cabaz das suas principais contrapartes, caiu para o nível mais baixo desde 2022 e, mesmo depois de alguma recuperação, acumula uma desvalorização de cerca de 10% desde o início do ano.Quase três anos depois de o euro ter atingido a paridade unitária com o par dos EUA, a moeda única negoceia assim próximo dos 1,15 dólares - contra 1,02 no início de 2025. As implicações desta evolução são amplas, indo da economia (por via das exportações e turismo) até aos investimentos (que é preciso acautelar), especialmente porque não tem fim à vista."Os investidores estão cada vez mais preocupados com as decisões erráticas da Casa Branca desde o chamado 'dia da libertação' do Presidente. A natureza questionável dos anúncios sobre tarifas suscitou especulações sobre uma aceleração no processo de desdolarização, e não é irracional supor que uma queda do dólar possa estender-se além das reservas cambiais e atingir o comércio internacional", considera Matthew Ryan."Por enquanto, o dólar americano continua a ser rei e não deverá ser destronado tão cedo. No entanto, o tiro pela culatra do Presidente Trump com as suas tarifas recíprocas assustou indubitavelmente os mercados e deixou os investidores a duvidar da atratividade do dólar e a ponderar se o processo de desdolarização irá acelerar", acrescenta.O impacto mais imediato do dólar mais fraco é sentido quando se compra a moeda, nomeadamente para uma viagem. Assim, viajar para os EUA ou para outro país no qual sejam precisos dólares fica mais barato para quem tem rendimentos em euros.Há, contudo, um efeito contrário. É que a economia portuguesa - muito dependente do turismo, incluindo vindos dos EUA (em 2024, o país recebeu 2,29 milhões) - pode ser castigada se os norte-americanos recuarem nas viagens. "À medida que fica mais caro, a moda de viajar para a Europa pode acabar", alerta o presidente da IMF, Filipe Garcia.O economista acrescenta que, para o PIB nacional, há outro risco: as empresas exportadoras que recebam em dólares sentem a desvalorização da moeda nas margens de lucro. E mesmo que façam cobertura cambial, esta é mais cara.Sendo as matérias-primas negociadas em dólares, os preços da energia e dos combustíveis tendem a beneficiar de um dólar mais fraco. E essa tendência reflete-se nas bombas de abastecimento: tendo por referência os preços praticados na semana passada, o litro de gasóleo simples é comercializado a 1,637 euros, menos 7,5% do que no início do ano, enquanto o Brent desvaloriza 10% em 2025. Na gasolina, o efeito é menos expressivo e o recuo do preço por litro é de 2,5%.Há ainda um efeito indireto: os preços mais baixos da energia têm ajudado a controlar a inflação, o que permitiu ao Banco Central Europeu (BCE) começar a descer os juros em junho de 2024. A série de cortes de taxas tem-se refletido também em alívios adicionais para as famílias já que levaram à queda das prestações de quem tem crédito à habitação com juros variáveis.De forma geral, os mercados norte-americanos tornam-se menos atrativos com um dólar mais fraco e as ações europeias mais apetecíveis, tanto para investidores norte-americanos - que ganham com a valorização dos ativos e com o euro - como europeus - que evitam perder com a diferença cambial. Além disso, há setores e geografias que beneficiam especificamente da tendência atual para o par euro-dólar."Um dólar estruturalmente mais fraco está por vir, exigindo que investidores e gestores de ativos repensem as suas carteiras", avisa Giordano Lombardo, cofundador e CEO da Plenisfer Investments. A financeira que integra o universo da Generali Investments considera que os bancos europeus, as ações chinesas, os mercados emergentes e os ativos reais como ouro e urânio são algumas das oportunidades mais atrativas."As pessoas têm de estar cientes de que se o S&P 500 sobe 15% e o dólar cai 10%, o ganho é de apenas 5%". O exemplo é dado por Filipe Garcia para explicar o efeito do câmbio nos investimentos, em particular nos ETF. O presidente da IMF lembra, contudo, que há alternativas.É possível comprar fundos em dólares com cobertura cambial, sendo que o custo médio ronda atualmente os 2,5% ao ano. É ainda possível comprar fundos que investem em ativos dos EUA, mas em euros.Casos diferentes dos fundos são os de obrigações ou ações já que, no primeiro, o custo de cobertura acaba por anular os ganhos. Já nas ações, a longo prazo, especialmente se se tratar de uma multinacional, as diferenças cambiais refletem-se nos lucros. "A curto prazo, o tema cambial tem de ser tido em consideração nos investimentos", adverte.O investimento direto em mercado forex ou em fundos cambiais é uma das estratégias que permitem tirar proveito da evolução do dólar. Esta opção passa por aproveitar o mesmo tipo de produtos que são usados para cobertura, mas com o objetivo de ganhar com subidas e descidas.O mercado cambial tem a vantagem de ser mais líquido por estar aberto 24 horas por dia, sendo possível realizar uma operação nas várias geografias, bem como de ser "over the counter", o que dá dinamismo.No entanto, exige cuidados redobrados já que os produtos financeiros com base no mercado cambial tendem a ser complexos e com elevados níveis de alavancagem, o que poderá afastar investidores de retalho. Dadas as suas características, é uma aposta que deve ser reservada apenas a investidores agressivos e experientes.

Incêndio deflagra no centro comercial Colombo em Lisboa
13/07/2025 16:13

PR angolano defende maior integração africana num mundo cada vez mais competitivo
13/07/2025 16:01

China constrói mega centro de dados no deserto com chips proibidos
13/07/2025 16:00

UE suspende medidas de retaliação contra EUA para negociar até 1 de agosto
13/07/2025 14:04

Heranças: o que tem de saber sobre deveres, prazos e custos
13/07/2025 14:00

UE "tem as ferramentas" para se "defender" das tarifas de Trump, diz Kaja Kallas
13/07/2025 13:30

PJ detém cinco funcionários públicos dos portos de Setúbal e Sines
13/07/2025 13:08

Livros para as férias - Parte II
13/07/2025 13:00

Quer ser dono de um esqueleto de dinossauro? Vai a leilão em Nova Iorque
13/07/2025 12:58

Paula Franco: alterações ao IVA podem ser "ratoeira" para recibos verdes
13/07/2025 11:00

A bofetada de Baudelaire
13/07/2025 10:00

Trump defende política comercial e acordo com NATO
13/07/2025 09:54

Paula Franco: pontes com o Governo "não têm sido as mais positivas"
12/07/2025 21:00

Marques Mendes aconselha exportações para América Latina em vez dos EUA
12/07/2025 20:17

O empreendedor compulsivo. Palmer Luckey prepara nova startup e já vale dois mil milhões de dólares
12/07/2025 20:00

Fnam lança petição para reconhecer a profissão de médico como de desgaste rápido
12/07/2025 19:53

TAP: Marcelo prevê promulgação e afasta que Governo venha a alienar mais capital
12/07/2025 19:07

Tarifas: Líderes europeus apoiam negociações e pedem defesa dos interesses da UE
12/07/2025 18:03

Misericórdia do Porto negoceia venda do Candal após fracasso de leilões de 24 milhões
12/07/2025 17:27

Quem comprar, compra o quê? A TAP em 20 números
12/07/2025 17:00

Ajuda

Pesquisa de títulos

Fale Connosco

VerSign Secure

Por favor leia o Acordo de Utilização e política de cookies :: Copyright © BiG :: Versão 3.0 :: Todos os direitos reservados :: bigonline é uma marca registada do BiG. O Banco de Investimento Global S.A. é uma instituição registada no Banco de Portugal sob o nº61, e na CMVM autorizada a prestar serviços de investimento constantes do nº 1 do Artigo 290 do CVM. Para qualquer informação adicional, contacte-nos via internet ou pelos telefones 21 330 53 72/9 (Chamada para a rede fixa nacional. O custo das comunicações depende do tarifário que tiver acordado com o seu operador de telecomunicações).