Era Trump põe bolsas europeias à frente de Wall Street
01/04/2025 07:00
Tarifas, tarifas, tarifas. Resume-se mais ou menos assim o primeiro trimestre nos mercados financeiros globais. A política protecionista do novo Presidente dos Estados Unidos tem penalizado fortemente os mercados do país. De tal forma que os índices acionistas norte-americanos concluíram o pior trimestre desde 1980 face às bolsas do resto do mundo. Mas esta tendência abriu a porta a um "excecionalismo" europeu.
O Velho Continente tem respondido a esta "mudança de tendência do mercado", como classifica a Allianz Global Investors (GI), e tem estado "a ajustar a sua política orçamental de forma a impulsionar o crescimento estrutural da economia". Juntamente com expectativas de um cessar-fogo da guerra na Ucrânia "as métricas de avaliação das ações europeias estão de volta a níveis médios históricos", acrescentam os analistas do Deutsche Bank numa carta a investidores de balanço do primeiro trimestre. As diferenças são visíveis nos números. O Stoxx 600, que reúne as 600 maiores empresas europeias, valorizou mais de 5% entre janeiro e março, juntamente com o Euro Stoxx 50 que subiu mais de 7%, embora com ganhos inferiores ao registado no mesmo trimestre de 2024.
Se os automóveis - na linha da frente das tarifas de Trump - perderam 4,4%, a banca está do outro lado da tabela. O subíndice setorial do Stoxx 600, o Stoxx Banks, do qual faz parte do BCP, que ganha mais de 20% desde o início do ano e tem a melhor performance entre os restantes setores do índice. Esta valorização, pelo décimo semestre consecutivo, leva a que esta seja a maior série de ganhos quase desde o início do século. Este nível de subidas apenas tem paralelo com o que aconteceu entre 2003 e inícios de 2006.
A impulsionar o setor tem estado uma espécie de tempestade perfeita: uma época de resultados robusta, melhoria da remuneração acionista e potencial para fusões e aquisições. Tudo isto mesmo com o Banco Central Europeu (BCE) em plena trajetória de descida de juros, o que poderá mostrar-se desafiante para a margem financeira dos bancos. Aqui, o maior crescimento económico, possivelmente do investimento em defesa e infraestruturas da União Europeia, poderá dar força ao mercado de crédito e as comissões devem continuar a crescer.
Entre os 49 bancos do grupo, apenas dois desvalorizam. O português BCP, que foi animado por lucros históricos e tem alcançado repetidos máximos de 2016, é o vigésimo terceiro que mais ganha, 19,91% desde o início do ano. O francês Société Générale lidera a tabela, com os espanhóis Santander e Sabadell, este último a ser alvo de uma OPA pelo BBVA, a fecharem o pódio. O Santander chegou mesmo a tocar os 100 mil milhões de euros em capitalização bolsista na semana passada, sendo o primeiro banco da União Europeia a alcançar tal feito em quase uma década.
Em Lisboa, há apenas duas cotadas com ganhos superiores ao BCP (CTT e Nos). Em sentido contrário, há empresas que têm sido mais impactadas pelo que se passa do lado de lá do Atlântico. A EDP Renováveis é, das três cotadas que desvalorizam no PSI, a que mais cai, ao assinalar uma descida de 23,21%. As perdas adensaram-se depois de as primeiras medidas tomadas por Donald Trump terem obrigado a empresa a registar imparidades nos projetos eólicos offshore no país. É a "imprevisibilidade" e a "incerteza" em torno das políticas do atual Presidente que se tem mostrado mais desafiante para os mercados, incluindo para Wall Street.
Num início de ano em que o índice de referência da maior economia mundial, o S&P 500, estava "priced to perfection", a perfeição desmoronou-se e levou mesmo o "benchmark" a entrar em terreno de correção. O índice cai quase 6% no trimestre, a maior desde 2022, "à custa de menor impulso económico e aumento da incerteza política", escrevem os analistas do Deutsche Bank.
A pressão está a ser particularmente sentida nas maiores tecnológicas do país. Só as "sete magnificas" - Apple, Microsoft, Nvidia, Alphabet, Amazon, Meta Platforms e Tesla - perderam 17% nos primeiros três meses do ano, o equivalente a 2,37 biliões de dólares em capitalização bolsista. O primeiro susto foi gerado pela chinesa DeepSeek que conseguiu construir um modelo de inteligência artificial com menos recursos e o restante foi um sinal dos tempos: "receios de tarifas, menores expectativas de crescimento do mercado norte-americano e questões relativas ao investimento em inteligência artificial (IA)", refere o "outlook" do UBS para o segundo trimestre.
Talvez por essa razão, juntamente com as europeias, as ações chinesas contrariam esta tendência. O índice MSCI China, que junta as 580 maiores empresas da segunda maior economia mundial, valoriza mais de 16%, com o setor tecnológico a liderar os ganhos. No entanto, ao contrário do que acontecia habitualmente, esta subida não está a fazer parte de um "rally" mais generalizado nos mercados emergentes asiáticos, uma vez que está a ser atribuído a um frenesim tecnológico, que se iniciou com a DeepSeek.
"Este 'rally’ foi sustentado pelo lançamento de novos modelos de IA, incluindo o R1 da DeepSeek e o Qwen da Alibaba, e pela Assembleia Popular Nacional da China, que salientou a importância da inovação tecnológica privada", o que se traduz uma postura pró-empresas por parte de Pequim, referem os analistas do UBS. Esta aproximação ficou simbolizada num aperto de mão entre o Presidente Xi Jinping e o fundador da Alibaba Jack Ma.
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